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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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investigação de Hargreaves aponta que os professores falam <strong>da</strong>s emoções como ansie<strong>da</strong>de,<br />

frustração e culpa 396 e que estas podem produzir profun<strong>da</strong>s e graves perturbações.<br />

Na conclusão <strong>da</strong> sua investigação, Hargreaves revela que, em termos psicológicos,<br />

a culpabili<strong>da</strong>de pode trazer contribuições positivas, pois pode estabelecer priori<strong>da</strong>des e<br />

limites, aju<strong>da</strong>ndo a pessoa a defender-se <strong>da</strong>s incursões de outras pessoas 397 ; sendo<br />

experimenta<strong>da</strong> em proporções modera<strong>da</strong>s pode servir como elemento impulsionador <strong>para</strong> a<br />

motivação, a inovação e o aperfeiçoamento pessoal. Contudo, quando o sentimento de<br />

culpa se converte em ansie<strong>da</strong>de e frustração, pode se transformar em elemento<br />

desmotivador e incapacitador do trabalho e <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> pessoal do sujeito.<br />

G. Taylor afirma que o “reconhecimento <strong>da</strong> culpa é o primeiro passo <strong>para</strong> a<br />

salvação” 398 . Nesse sentido, Andy Hargreaves aponta três soluções 399 <strong>para</strong> diminuir a<br />

tensão <strong>da</strong> culpabili<strong>da</strong>de: a) suavizar o grau de alg<strong>uma</strong>s exigências profissionais e pessoais,<br />

diminuindo o índice de perfeccionismo; b) reduzir o nível de dependência de atenção a ser<br />

<strong>da</strong><strong>da</strong> aos estu<strong>da</strong>ntes e ao espaço escolar e c) criar comuni<strong>da</strong>des de colegas, em nível<br />

escolar, que trabalhem cooperativamente <strong>para</strong> estabelecer seus próprio níveis e limites<br />

profissionais e facilitem a discussão de problemas sem medo de reprovação e repreensão.<br />

A culpabili<strong>da</strong>de tem conseqüências educativas na prática <strong>docente</strong> e na conduta do<br />

professor, podendo gerar o abandono <strong>da</strong> profissão, a que<strong>da</strong> <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de profissional, a<br />

postura cínica, entre outras reações negativas.<br />

Andy Hargreaves aponta que na prática educativa existem tanto armadilhas<br />

culpabilizadoras quanto desculpas. As desculpas são as diferentes estratégias que adotam<br />

os professores <strong>para</strong> suportar, negar e re<strong>para</strong>r a culpa. As desculpas mais freqüentes são a<br />

falta de tempo e a falta de condições de trabalho. Essas desculpas podem até ser reais;<br />

contudo, elas se mantêm como desculpas quando não são potencializa<strong>da</strong>s e reverti<strong>da</strong>s em<br />

melhores possibili<strong>da</strong>des profissionais e na qualificação <strong>da</strong> saúde pessoal. Hargreaves<br />

aponta, ain<strong>da</strong>, que as desculpas podem se converter em abandono, cinismo e negação.<br />

R. Lang 400 faz <strong>uma</strong> diferença entre culpa ver<strong>da</strong>deira e falsa. Conforme Lang, a<br />

culpa falsa é a culpabili<strong>da</strong>de senti<strong>da</strong> por não ser e não corresponder ao que as pessoas<br />

desejam. A culpa ver<strong>da</strong>deira é a culpabili<strong>da</strong>de diante <strong>da</strong> obrigação que alguém tem consigo<br />

396 Andy HARGREAVES, Profesorado, cultura y postmoderni<strong>da</strong>d, p. 166.<br />

397 Id., ibid., p. 182, 167.<br />

398 Apud id., ibid., p. 166.<br />

399 Id., ibid., p. 182s.<br />

400 Apud id., ibid., p. 169.

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