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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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e impregnam a própria experiência vital” 93 . Não é, portanto, um ato isolado e meramente<br />

individual. Ela está impregna<strong>da</strong> de intencionali<strong>da</strong>de e implica n<strong>uma</strong> imersão consciente <strong>da</strong><br />

reali<strong>da</strong>de em que a pessoa está inseri<strong>da</strong> e nos condicionamentos <strong>da</strong> sua própria pessoa, do<br />

seu processo de aprendizagem e <strong>da</strong> sua identi<strong>da</strong>de profissional como educador. A pessoa é<br />

um sujeito que vive n<strong>uma</strong> inter-relação e interdependência de sujeitos e objetos.<br />

Liston e Zeichner “consideram que o enfoque de Schön é reducionista e limitante<br />

por ignorar o contexto institucional e pressupõe a prática reflexiva de modo individual” 94 .<br />

Os condicionamentos em que a pessoa se encontra dificultam a reflexão sobre a prática, na<br />

prática. José Domingo Contreras 95 destaca criticamente a marca individualista e imediatista<br />

<strong>da</strong>s práticas reflexivas e a desconsideração do contexto social e institucional. O contexto <strong>da</strong><br />

sobrecarga de trabalho, imposta por salários não condizentes com a reali<strong>da</strong>de social e<br />

profissional, é um dos fatores que dificultam a imersão n<strong>uma</strong> reflexão transformadora <strong>da</strong><br />

sua própria prática. Por isso, torna-se fun<strong>da</strong>mental a constituição de “grupos pe<strong>da</strong>gógicos<br />

reflexivos” 96 que possibilitam a inter-relação de sujeitos cognitivos que se vêem, ao<br />

mesmo tempo, como objetos cognoscíveis.<br />

José Carlos Libâneo, questionando a reflexivi<strong>da</strong>de cognitiva e a reflexão<br />

instrumental, afirma que é preciso incentivar<br />

a reflexivi<strong>da</strong>de comunitária, a reflexivi<strong>da</strong>de compartilha<strong>da</strong>, num esforço<br />

de instaurar nas escolas <strong>uma</strong> prática de gestão e convivência lastrea<strong>da</strong> na<br />

construção de significados e entendimentos compartilhados a partir <strong>da</strong>s<br />

diferenças e <strong>da</strong> busca de valores universais comuns. 97<br />

É nessa perspectiva comunitária que se torna possível realizar um processo de<br />

significação e ressignificação <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>. Sem a reflexivi<strong>da</strong>de comunitária e<br />

compartilha<strong>da</strong> só é possível caminhar <strong>para</strong> <strong>uma</strong> direção individualista e solipsista. Nesse<br />

sentido, a reflexão sobre a prática educativa se torna mais consistente, porque ela se faz<br />

n<strong>uma</strong> relação direta com educadores que se encontram em situações semelhantes.<br />

Apesar de que a teoria do professor reflexivo procura <strong>da</strong>r um novo sentido à<br />

formação do professor, fazendo <strong>da</strong> prática <strong>uma</strong> ativi<strong>da</strong>de reflexiva e <strong>da</strong> reflexão <strong>uma</strong><br />

questão prática, ela ain<strong>da</strong> se apresenta como <strong>uma</strong> preocupação destaca<strong>da</strong>mente pragmática.<br />

93 Angel PÉREZ-GÓMEZ, O pensamento prático do professor, p. 103.<br />

94 Apud Selma Garrido PIMENTA, Professor reflexivo: construindo <strong>uma</strong> crítica, p. 23.<br />

95 José Domingo CONTRERAS, A autonomia de professores, p. 140.<br />

96 Marlene GRILLO, Perspectiva reflexiva <strong>para</strong> pensar a prática pe<strong>da</strong>gógica, p. 20.<br />

97 José Carlos LIBÂNEO, Reflexivi<strong>da</strong>de e formação de professores, p. 77.

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