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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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Rembrandt só se conhece ao pintar o seu<br />

retrato e ao olhar-se no seu retrato. Quer<br />

dizer, o exame dele mesmo dá-se no ato<br />

de se pintar a si mesmo. Mas ao decifrar,<br />

ao ler, de certo modo, o quadro, leio<br />

Rembrandt, mas também me leio a mim<br />

como semelhante e distinto de<br />

Rembrandt. Estamos em face de <strong>uma</strong><br />

interpretação extremamente complexa<br />

que tem vários estratos ou graus. No<br />

fundo, vi nesse ato de decifrar o retrato<br />

de Rembrandt (Rembrandt pintando-se a<br />

si mesmo e interpretando-se ao pintar, e<br />

eu interpretando a pintura como a<br />

interpretação de Rembrandt) a ilustração<br />

do título do meu livro, Si-mesmo como<br />

um outro.<br />

121<br />

Nessa entrevista, Ricoeur traz <strong>uma</strong> síntese <strong>da</strong> sua teoria de ipsei<strong>da</strong>de, mesmi<strong>da</strong>de e<br />

alteri<strong>da</strong>de. Procurando nos apropriar do pensamento de Ricoeur sobre os auto-retratos<br />

podemos afirmar:<br />

“No auto-retrato, sou eu que estou ali e ao me pintar, eu me vejo como<br />

sou ou como gostaria de ser. Na fideli<strong>da</strong>de de me auto-retratar, procuro todos<br />

os traços e evidências, ocultos e transparentes, que ajudem a deixar evidente<br />

como e quem eu sou. Neste processo, eu me revelo a mim mesmo, eu desvendo<br />

algo que está oculto <strong>para</strong> mim mesmo. Desenvolvo, em outros termos, <strong>uma</strong><br />

auto-individuação. Além disto, eu me dou a conhecer, eu revelo como eu me<br />

vejo e estabeleço um elo de abertura ao outro, crio um canal de abertura <strong>da</strong><br />

minha mesmi<strong>da</strong>de, num processo de ipsei<strong>da</strong>de, com as outras pessoas.<br />

Estabelece-se <strong>uma</strong> relação <strong>da</strong> minha ipsei<strong>da</strong>de com a alteri<strong>da</strong>de.”<br />

E é, justamente, nessa relação dialética entre ipsei<strong>da</strong>de e alteri<strong>da</strong>de que ocorre o<br />

movimento dinâmico <strong>da</strong> reconstrução e ressignificação <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>. Entretanto,<br />

se não houver a relação dialética entre mesmi<strong>da</strong>de e ipsei<strong>da</strong>de, o movimento dinâmico de

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