aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
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ser <strong>uma</strong> ativi<strong>da</strong>de extra ou <strong>uma</strong> ação de “entretenimento”. O outro processo fun<strong>da</strong>mental<br />
deveria ser o processo de ressignificação, em que a pessoa redirecionaria o foco de seu<br />
olhar. A pessoa se afastaria <strong>da</strong> “cadeira de aluno”, mas manteria o olhar de permanente<br />
aprendiz por reconhecer a importância <strong>da</strong> formação continua<strong>da</strong>.<br />
Nas ativi<strong>da</strong>des como <strong>docente</strong> realiza<strong>da</strong>s em sala de aula dos cursos de<br />
especialização relacionados acima, além <strong>da</strong> longa experiência pessoal de atuação como<br />
<strong>docente</strong> em cursos de formação continua<strong>da</strong>, constatamos com que facili<strong>da</strong>de e naturali<strong>da</strong>de<br />
há professores que mantém ocupa<strong>da</strong> a “cadeira de aluno”, de estu<strong>da</strong>nte, que é distinta <strong>da</strong><br />
cadeira de <strong>docente</strong> como permanente aprendiz. Estas pessoas conservam <strong>uma</strong> forte<br />
identificação com a identi<strong>da</strong>de de estu<strong>da</strong>nte. Estas pessoas, mesmo após alguns anos, não<br />
assumiram sua posição de <strong>docente</strong>s. Portanto, o “olhar invertido”, exercido pelo professor<br />
como aluno, dificulta o processo de ressignificação <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>, pois não implica<br />
somente <strong>uma</strong> nova compreensão teórica e prática <strong>da</strong> sua ativi<strong>da</strong>de educativa, mas <strong>uma</strong><br />
reconstrução interna <strong>da</strong> sua pessoa e do lugar que ocupa na socie<strong>da</strong>de. Nesta análise, é<br />
fun<strong>da</strong>mental manter presente o movimento dialético de distanciamento e aproximação, de<br />
tomar distância <strong>para</strong> análise e reaproximar-se <strong>para</strong> transformar a reali<strong>da</strong>de. É necessário<br />
também que o professor saiba colocar-se no lugar do aluno, <strong>para</strong> compreender a sua<br />
situação pessoal, o seu processo de aprendizagem e as suas dificul<strong>da</strong>des pessoais.<br />
Um estagiário 39 de magistério do Ensino Médio, fazendo <strong>uma</strong> análise retrospectiva<br />
após um ano de estágio intensivo, ocorrido em 2002, declara:<br />
“No primeiro semestre tive muita dificul<strong>da</strong>de <strong>para</strong> planejar e conduzir as<br />
minhas aulas e, especialmente, realizar as demais obrigações do estágio, como<br />
elaborar relatório diário <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des, ler os livros e fazer a ficha de leitura<br />
<strong>da</strong> formação continua<strong>da</strong> e participar com prazer <strong>da</strong>s reuniões periódicas dos<br />
estagiários com a coordenação de estágio. Só mudei quando percebi que era<br />
minha responsabili<strong>da</strong>de criar condições <strong>para</strong> que os alunos <strong>da</strong> 4ª série<br />
pudessem acompanhar a 5ª série, no ano seguinte. Só então, assumi o estágio.”<br />
Esse estagiário teve pleno apoio <strong>da</strong> coordenação pe<strong>da</strong>gógica <strong>da</strong> escola, recebeu<br />
acompanhamento regular <strong>da</strong> supervisão do estágio, tinha boa condução <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des em<br />
sala de aula e possuía bom domínio do conteúdo. Entretanto, não assumiu o seu papel<br />
38 Selma Garrido PIMENTA, Docência no ensino superior, p. 79.<br />
39 Este estagiário foi estu<strong>da</strong>nte do Curso Normal de nível médio, do Instituto de Educação Ivoti/RS.<br />
Ele realizou o seu estágio em 2002, n<strong>uma</strong> turma de alunos <strong>da</strong> 4ª série na própria escola em que<br />
fez o curso e a sua atuação prática foi supervisiona<strong>da</strong> por mim.