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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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272<br />

Prometeu é, pois, o símbolo <strong>da</strong> revolta contra o poder – real ou<br />

aparentemente – indestrutível e inalcançável. É a insubmissão ante um<br />

destino que se apresenta como fatali<strong>da</strong>de. É o desafio inaudito: adesão ao<br />

h<strong>uma</strong>no em oposição ao divino. Prometeu não planeja destronar o deus<br />

dos deuses, mas se rebela contra ele, sem a expectativa <strong>da</strong> vitória, num<br />

gesto supremo de inconformismo. 596<br />

No contexto institucional de ensino encontramos pessoas que exercem a docência e<br />

que se manifestam como “os do contra”, os insatisfeitos, os que sempre têm <strong>uma</strong> opinião<br />

contrária, mas não apresentam nenh<strong>uma</strong> proposta, não roubam nenh<strong>uma</strong> “centelha de<br />

fogo”, pois não visualizam nenh<strong>uma</strong> alternativa e não identificam as “centelhas de fogo” a<br />

serem rouba<strong>da</strong>s. E quando as suas críticas não são aceitas, consideram-se incompreendi<strong>da</strong>s,<br />

vítimas, rejeita<strong>da</strong>s. Poderíamos considerar essas pessoas como pseudoprometéicas. As<br />

pessoas pseudoprometéicas perambulam pela escola, emitindo os seus resmungos e<br />

promovendo um ambiente desagradável. O convívio com essas pessoas é, na maioria <strong>da</strong>s<br />

vezes, bastante difícil. As pessoas pseudoprometéicas não se encontram somente entre o<br />

corpo <strong>docente</strong>, mas também entre estu<strong>da</strong>ntes. Elas não têm autocrítica.<br />

As pessoas prometéicas são aquelas que visualizam a manipulação exerci<strong>da</strong> pelas<br />

pessoas que representam a atitude do “rei dos deuses” e manifestam a sua oposição. Elas<br />

não desejam destronar o “rei”, o chefe e nem querem exercer o poder, mas se opõem ao<br />

poder que não partilha as possibili<strong>da</strong>des de melhoria <strong>da</strong>s condições de trabalho <strong>docente</strong>. As<br />

pessoas prometéicas não estão tão preocupa<strong>da</strong>s com as técnicas de trabalho ou com a<br />

melhoria e a alternativa do uso <strong>da</strong>s “centelhas de fogo”, mas sim com o acesso ao “fogo”.<br />

As pessoas prometéicas lutam mais pela melhoria de condições de trabalho dos <strong>docente</strong>s<br />

colegas, mas sem centrar a preocupação no próprio benefício.<br />

O sofrimento é <strong>uma</strong> característica peculiar <strong>da</strong> pessoa prometéica, mas como já foi<br />

dito acima, não é <strong>uma</strong> atitude masoquista. Ela fica impaciente, ansiosa quando vê as<br />

situações, as reali<strong>da</strong>des não melhorarem; quando as pessoas que exercem o poder, que<br />

estão no controle de <strong>uma</strong> situação, não agem e não tomam decisões que favoreçam a<br />

h<strong>uma</strong>ni<strong>da</strong>de. Pode-se dizer que essas pessoas “se comem o fígado”. São pessoas que têm<br />

<strong>uma</strong> tendência <strong>para</strong> doenças psicossomáticas e seu estado de saúde pode se agravar se não<br />

encontrarem um ponto de equilíbrio ou <strong>uma</strong> forma de evasão saudável. Outra característica<br />

própria <strong>da</strong> pessoa prometéica é a ausência do medo.<br />

Por outro lado, é fun<strong>da</strong>mental <strong>para</strong> <strong>uma</strong> instituição de ensino a presença de alg<strong>uma</strong><br />

pessoa prometéica em seu quadro profissional, pois ela sempre estará questionando o<br />

596 Humberto BRAGA, Quatro grandes mitos h<strong>uma</strong>nos, p. 13.

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