aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
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A resistência pode ser entendi<strong>da</strong> como oposição às idéias, às propostas de reflexão<br />
ou até mesmo às mu<strong>da</strong>nças <strong>da</strong> prática educativa. Esta última forma de oposição é<br />
constituí<strong>da</strong> por <strong>uma</strong> atitude de rejeição, de assumir <strong>uma</strong> postura contrária. Diante desse<br />
tipo de atitude não é possível promover <strong>uma</strong> ressignificação e nem <strong>uma</strong> ressimbolização <strong>da</strong><br />
<strong>práxis</strong> educativa e <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>, porque a pessoa não interage com as propostas<br />
reflexivas e práticas e cria <strong>uma</strong> barreira à reflexão. Queremos realçar que ressignificação<br />
não significa obrigatoriamente <strong>uma</strong> mu<strong>da</strong>nça e <strong>uma</strong> negação <strong>da</strong> prática, e sim conferir um<br />
novo sentido ou reforçar o sentido existente. Compreendemos a resistência como <strong>uma</strong><br />
atitude de forte conotação positiva, pois provoca reflexão, faz a pessoa se posicionar,<br />
desenvolve <strong>uma</strong> reação e articula <strong>uma</strong> inter-relação pessoal e grupal. O pe<strong>da</strong>gogo norte-<br />
americano Henry Giroux afirma que<br />
a resistência deve ter <strong>uma</strong> função reveladora, que contenha <strong>uma</strong> crítica <strong>da</strong><br />
dominação e forneça oportuni<strong>da</strong>des teóricas <strong>para</strong> a auto-reflexão e <strong>para</strong> a<br />
luta no interesse <strong>da</strong> auto-emancipação e <strong>da</strong> emancipação social. 323<br />
A resistência é, portanto, um processo reflexivo crítico, que implica a necessi<strong>da</strong>de<br />
<strong>da</strong> pessoa revelar-se e posicionar-se. A manifestação, contudo, não pode restringir-se<br />
unicamente à liber<strong>da</strong>de de expressão, porque se isto fosse o caso, não haveria <strong>uma</strong><br />
interpretação <strong>da</strong> própria <strong>práxis</strong> educativa e <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>. Por isso, juntamente com<br />
a liber<strong>da</strong>de <strong>da</strong> manifestação <strong>da</strong> resistência, é necessário o processo hermenêutico de<br />
explicação e compreensão <strong>da</strong> resistência que culmina num dos elementos constituintes <strong>da</strong><br />
identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>. Através dessa reflexão, o <strong>docente</strong> pode desenvolver também <strong>uma</strong><br />
reflexão sobre si mesmo e sobre as suas relações interpessoais e intergrupais.<br />
A reflexão sobre a resistência à ressignificação, ocorri<strong>da</strong> nos cursos, recebeu<br />
destaque, pois as pessoas participantes eram lideranças nas suas escolas. Assim, firmei o<br />
propósito de integrar a temática <strong>da</strong> resistência em espaços de formação continua<strong>da</strong>, porque<br />
fui me convencendo <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s pessoas explicitarem as suas resistências, pois sem<br />
isto não seria possível desencadear nenhum processo de ressignificação. A sistematização<br />
dos processos de resistência, que se encontra descrita abaixo, foi sendo elabora<strong>da</strong><br />
gra<strong>da</strong>tivamente na interação <strong>da</strong>s pessoas participantes em cursos de especialização.<br />
Segui<strong>da</strong>mente, ao realizar ativi<strong>da</strong>des de formação continua<strong>da</strong> com <strong>docente</strong>s, sou<br />
confrontado com atitudes de resistência <strong>da</strong>s pessoas a mexerem e remexerem o baú <strong>da</strong>s<br />
memórias simbólicas, <strong>da</strong>s imagens míticas e <strong>da</strong>s experiências estruturantes <strong>da</strong> sua<br />
323 Henry GIROUX, Teoria crítica e resistência em educação, p. 148.