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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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sedimentação que confere a espécie de permanência no tempo que Ricoeur interpreta como<br />

o recobrimento do ipse pelo idem.<br />

À noção de caráter une-se a de hábito e é o que dá <strong>uma</strong> história ao caráter. Ca<strong>da</strong><br />

hábito adquirido, contraído e tornado disposição durável, constitui um traço, isto é, um<br />

signo distintivo com o que reconhecemos <strong>uma</strong> pessoa, identificamo-la novamente como a<br />

mesma, não sendo o caráter outra coisa que o conjunto desses signos distintivos 312 . É o que<br />

nos distingue <strong>da</strong>s outras pessoas, é o que constitui nos traços peculiares <strong>da</strong> individuali<strong>da</strong>de.<br />

É o que distingue as pessoas que, inclusive, vivem juntas por longos anos, como é o caso<br />

de <strong>uma</strong> família; <strong>da</strong>s pessoas que trabalham juntas por longo tempo, como é o caso de grupo<br />

de professores de <strong>uma</strong> mesma escola. Na identi<strong>da</strong>de do <strong>docente</strong>, são os hábitos de, por<br />

exemplo, chegar pontualmente na escola, cumprir rigorosamente ou não os compromissos<br />

de entregar as avaliações e os trabalhos de alunos, vestir-se, a forma de formular testes e<br />

trabalhos, de relacionar-se com estu<strong>da</strong>ntes.<br />

À noção de hábito liga-se o conjunto <strong>da</strong>s “identificações adquiri<strong>da</strong>s pelas quais o<br />

outro entra na composição do mesmo” 313 . São os processos de aquisição que ocorrem, seja<br />

pela influência <strong>da</strong> convivência, seja pelo processo de admiração que se transforma em<br />

assimilação de hábitos e costumes. A mesmi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s identificações adquiri<strong>da</strong>s é feita em<br />

grande parte pelas identificações-com valores, normas, ideais, modelos, heróis, nos quais a<br />

pessoa, a comuni<strong>da</strong>de se reconhece. Ela se dá inclusive na linguagem, na forma de<br />

articulação do pensamento e no grupo de relacionamento. Essas características <strong>da</strong><br />

mesmi<strong>da</strong>de transparecem nos elementos culturais de um grupo de pessoas e costumes de<br />

<strong>uma</strong> comuni<strong>da</strong>de ou <strong>da</strong> individuali<strong>da</strong>de de <strong>uma</strong> pessoa. Essa dimensão <strong>da</strong> mesmi<strong>da</strong>de se<br />

evidencia na identificação de comuni<strong>da</strong>des escolares, onde as pessoas são reconheci<strong>da</strong>s por<br />

trabalharem em determina<strong>da</strong> escola. Aqui, o reconhecer-se no contribui <strong>para</strong> o reconhecer-<br />

se com.<br />

Um modelo de permanência no tempo, diferente <strong>da</strong>quele do caráter, é o <strong>da</strong> palavra<br />

manti<strong>da</strong> na fideli<strong>da</strong>de à palavra <strong>da</strong><strong>da</strong>. Enquanto a dimensão do caráter de identificações-<br />

com estabelece <strong>uma</strong> permanência no tempo relacionado ao com, aqui se estabelece <strong>uma</strong><br />

relação do quem. A palavra manti<strong>da</strong> afirma <strong>uma</strong> manutenção de si que não se deixa<br />

312 Id., ibid., p. 146.<br />

313 Id., ibid., p. 147.

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