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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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144<br />

Miguel Arroyo, por sua vez, avalia que a análise social, econômica e política <strong>da</strong><br />

reali<strong>da</strong>de <strong>docente</strong> tem realizado mais <strong>uma</strong> reflexão sobre questões macro, procurado<br />

contextualizar as opções político-partidárias e tentado politizar um ofício 343 do que<br />

enfocado diretamente a pessoa do <strong>docente</strong> e a sua <strong>práxis</strong> pe<strong>da</strong>gógica. Arroyo ressalta a<br />

importância <strong>da</strong> organização <strong>da</strong> categoria, mas declara não estar convencido de que a<br />

politização de <strong>uma</strong> prática seja o melhor caminho. O autor destaca que as tensões de<br />

consciência explora<strong>da</strong>s pe<strong>da</strong>gogicamente no aprendizado do ofício exercem um papel<br />

extremamente relevante “<strong>para</strong> a superação de imagens <strong>docente</strong>s e na construção de auto-<br />

imagens” 344 .<br />

José Carlos Libâneo afirma que é necessário ir “além de <strong>uma</strong> reflexivi<strong>da</strong>de<br />

cognitiva” 345 . Nessa direção, compreendo que a valorização do pensar, do sentir, <strong>da</strong>s<br />

crenças e dos valores pessoais, defendidos nesta concepção teórica, são elementos<br />

fun<strong>da</strong>mentais na reflexão sobre a identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong> e se integram plenamente às questões<br />

básicas defendi<strong>da</strong>s neste trabalho. Entretanto, se não forem acrescenta<strong>da</strong>s as dimensões<br />

simbólica e mítica ao sentido de ser <strong>docente</strong>, assim como as manifestações <strong>da</strong> persona e<br />

<strong>da</strong>s resistências às mu<strong>da</strong>nças, surgirá implicitamente <strong>uma</strong> visão idealiza<strong>da</strong> do professor e<br />

do próprio processo de reflexão do professor reflexivo. Decorrerá igualmente <strong>da</strong>í o perigo<br />

de <strong>uma</strong> idealização do racionalismo e do “reflexionismo”, em que, a partir <strong>da</strong> dimensão<br />

intelectual, produzir-se-á to<strong>da</strong> e qualquer mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> educação e principalmente nos<br />

educadores.<br />

Acreditamos que a dinâmica simbólica opera o encontro dialético e dialógico entre<br />

o consciente e inconsciente. Isto tem-se evidenciado nas ativi<strong>da</strong>des educativas de sala de<br />

aula nos cursos de formação continua<strong>da</strong>. Queremos reafirmar a idéia de que a relação<br />

dialética entre o consciente e o inconsciente não é algo manipulável e nem é provocado<br />

automaticamente por alg<strong>uma</strong> ação educativa. Podemos também dizer que a transformação<br />

de <strong>uma</strong> dinâmica em <strong>uma</strong> experiência simbólica, constituinte de significação, de sentido de<br />

ser e de coragem de ser, não é resultante <strong>da</strong> vontade do proponente <strong>da</strong> dinâmica e nem do<br />

participante. Acreditamos que as coisas manipuláveis não se transformam em experiências<br />

simbolizantes e significantes. A significação do momento simbólico, a sua simbolização,<br />

pode ocorrer com o tempo, com a constituição <strong>da</strong> memória significante, com a<br />

rememoração. A própria pessoa também só se torna consciente <strong>da</strong> significação após a sua<br />

343<br />

Miguel G. ARROYO, Ofício de mestre: imagens e auto-imagens, p. 209.<br />

344<br />

Idem.<br />

345<br />

José Carlos LIBÂNEO, Reflexivi<strong>da</strong>de e formação de professores, p. 77.

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