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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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133<br />

Nessa fase reflexiva, concluímos que a sistematização <strong>da</strong>s falas não era suficiente e<br />

se fazia necessário o confronto com outros referenciais teóricos, além de procurar<br />

indicativos de um “mundo habitável” e de um “sentido <strong>da</strong> obra”. Isto significa desenvolver<br />

um processo, ao mesmo tempo, de circulari<strong>da</strong>de, em que se avança na reflexão e no<br />

posicionamento teórico e se retoma aspectos anteriores <strong>para</strong> refletir com outros referenciais<br />

e traçar um novo sentido, e <strong>uma</strong> postura dialética de ação-reflexão-ação, em que se ouve a<br />

fala de pessoas, se sistematiza, se ouve a reação <strong>da</strong>s pessoas, confronta-se com nova<br />

análise e se traça um novo caminho. Não é <strong>uma</strong> construção, portanto, linear ou de galgar<br />

degraus, e sim de um ir-e-vir, avançar-e-retomar, ouvir-falar-ouvir.<br />

7.1. Atitudes de resistência<br />

O educador espanhol Fernando Hernandez, analisando a formação <strong>docente</strong>, destaca<br />

cinco atitudes de resistência 324 : a) o refúgio no impossível; b) o desconforto de aprender; c)<br />

a revisão <strong>da</strong> prática não resolve os problemas; d) aprender ameaça a identi<strong>da</strong>de e f) a<br />

se<strong>para</strong>ção entre a fun<strong>da</strong>mentação e a prática. Na minha análise, a reflexão desenvolvi<strong>da</strong><br />

por Hernandez mescla <strong>uma</strong> dimensão de oposição e de resistência ativa e reflexiva. No seu<br />

entender, essas atitudes dificultam o processo de formação continua<strong>da</strong> de <strong>docente</strong>s. A<br />

resistência é suaviza<strong>da</strong> quando se consegue proporcionar espaços de confiança, de livre<br />

manifestação e de emancipação pessoal e grupal.<br />

Na primeira atitude de resistência aponta<strong>da</strong> por Hernandez, o <strong>docente</strong> manifesta<br />

inicialmente <strong>uma</strong> concordância com a proposta e a importância e necessi<strong>da</strong>de de mu<strong>da</strong>nça.<br />

A resistência, contudo, se esconde na alegação <strong>da</strong> falta de tempo, <strong>da</strong> existência de turmas<br />

numerosas de alunos e <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des estruturais. 325 Essas alegações podem se<br />

transformar n<strong>uma</strong> oposição à proposta de mu<strong>da</strong>nça e de formação continua<strong>da</strong>.<br />

Especialmente a falta de tempo torna-se um argumento consistente e <strong>uma</strong> reali<strong>da</strong>de<br />

comprovável quando se analisa a reali<strong>da</strong>de social e financeira do contexto escolar. Uma<br />

turma de estu<strong>da</strong>ntes de um curso de especialização 326 , ao receber <strong>uma</strong> sistematização <strong>da</strong>s<br />

resistências, concentrou a sua reflexão fortemente nesse fator. Eles afirmaram que,<br />

324 Fernando HERNÁNDEZ, A importância de saber como os <strong>docente</strong>s aprendem, p. 9-10.<br />

325 Num curso de especialização realizado em novembro de 2003, os estu<strong>da</strong>ntes concentraram-se<br />

quase que exclusivamente nesse fator. Houve expressiva dificul<strong>da</strong>de em admitir dificul<strong>da</strong>des<br />

pessoais, concentrando-se especialmente nas questões macro estruturais.<br />

326 Esta análise foi realiza<strong>da</strong> na aula de Metodologia do Ensino Superior, em novembro de 2003,<br />

em Pelotas/RS.

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