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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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43<br />

capacitação instrumental. Conforme a análise de José Carlos Libâneo, a maioria dos<br />

professores desconhecem a base teórica 41 <strong>da</strong> sua prática <strong>docente</strong>. A atuação <strong>docente</strong> se<br />

limita, em grande parte, a repassar ativi<strong>da</strong>des educativas extraí<strong>da</strong>s de materiais<br />

<strong>para</strong>didáticos e a executar propostas de trabalho pensa<strong>da</strong>s por outras pessoas. As ativi<strong>da</strong>des<br />

educativas propostas aos estu<strong>da</strong>ntes baseiam-se, na maioria <strong>da</strong>s vezes, em fotocópias de<br />

exercícios didáticos e de textos. Esses <strong>docente</strong>s têm, conseqüentemente, dificul<strong>da</strong>des em<br />

desenvolver alg<strong>uma</strong> ativi<strong>da</strong>de mais reflexiva e de produzir algum material próprio.<br />

Nas ativi<strong>da</strong>des como professor realiza<strong>da</strong> em sala de aula nos cursos de formação<br />

continua<strong>da</strong>, há <strong>docente</strong>s que solicitam, quase que exclusivamente, a aprendizagem de<br />

novas técnicas e de novos recursos tecnológicos de ensino e se recusam, quase que<br />

unanimemente, a refletir sobre a intencionali<strong>da</strong>de pe<strong>da</strong>gógica <strong>da</strong>s técnicas e <strong>da</strong>s<br />

metodologias. Esses <strong>docente</strong>s desejam receber mais e mais novi<strong>da</strong>des e desenvolver menos<br />

e menos reflexão teórica. Podemos, por um lado, entender a solicitação de novi<strong>da</strong>des como<br />

algo positivo e compreendê-la como decorrência <strong>da</strong> racionali<strong>da</strong>de instrumental adquiri<strong>da</strong> e<br />

desenvolvi<strong>da</strong> no decorrer do curso de formação <strong>docente</strong>. Por outro lado, ela revela também<br />

<strong>uma</strong> insatisfação com a sua própria prática. A busca por novi<strong>da</strong>des também pode ser <strong>uma</strong><br />

reação positiva às reclamações de estu<strong>da</strong>ntes quanto a sua atuação. Há, porém, <strong>uma</strong><br />

distância, <strong>uma</strong> se<strong>para</strong>ção indevi<strong>da</strong>, entre o desejo de aprender novas técnicas de trabalho e<br />

a compreensão dos princípios teóricos que norteiam tanto a metodologia quanto o próprio<br />

processo de ensino e aprendizagem.<br />

Esse processo de formação <strong>docente</strong> n<strong>uma</strong> perspectiva de racionali<strong>da</strong>de técnica vai<br />

formar um tipo de <strong>docente</strong> com fortes tendências tecnicistas e com <strong>uma</strong> razão instrumental.<br />

Conforme apresentamos acima, a legislação educacional no Brasil e a sua interpretação, a<br />

partir dos pareces do Conselho Nacional de Educação, têm ratificado e perpetuado a<br />

formação <strong>da</strong> racionali<strong>da</strong>de técnica e instrumental. Nós entendemos, contudo, que a<br />

mu<strong>da</strong>nça desta forma de racionali<strong>da</strong>de só se faz com a profun<strong>da</strong> e existencial<br />

ressignificação <strong>da</strong> <strong>práxis</strong> educativa, em que os símbolos fun<strong>da</strong>ntes <strong>da</strong> sua identi<strong>da</strong>de<br />

<strong>docente</strong> são ressimbolizados, permitindo <strong>uma</strong> significação do seu ser-professor. Jacques<br />

Therrien reconhece que as decisões de educadores, a construção de saberes e a identi<strong>da</strong>de<br />

profissional nem sempre são “vali<strong>da</strong>dos pelos critérios <strong>da</strong> racionali<strong>da</strong>de científica<br />

‘instrumental’” 42 .<br />

José Libâneo destaca a importância de se<br />

41 José Carlos LIBÂNEO, Adeus professor, adeus professora?, p. 21ss.

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