aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
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Nessa construção de relações, muitas vezes, o <strong>docente</strong> se encontra diante <strong>da</strong><br />
docência <strong>da</strong> mesma forma que o artesão diante <strong>da</strong> roca. Ou seja, os fios são tênues e frágeis<br />
e é necessário manusear os fios e relacionar-se com os “objetos <strong>da</strong> obra” com paciência e<br />
precisão. Entretanto, assim como o artesão que, ao pre<strong>para</strong>r os fios na roca, já imagina, já<br />
sonha, já visualiza a obra que surgirá com o entrecruzamento dos fios a serem tecidos,<br />
assim também o <strong>docente</strong> que planeja a sua ação educativa já visualiza a obra que se irá<br />
constituir. Nesse tecer e entrecruzar de fios vai se constituindo <strong>uma</strong> trajetória de formação<br />
e de identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>. Alg<strong>uma</strong>s vezes, alguns fios precisam ser desatados, desfiados,<br />
senão eles se rompem e precisam ser reatados. E no momento em que esses fios são<br />
reatados é necessário, muitas vezes, <strong>da</strong>r um nó e esse deixará <strong>uma</strong> marca, um sinal de<br />
reconfiguração. Este nó representará <strong>uma</strong> <strong>para</strong><strong>da</strong> na trajetória de construção <strong>da</strong> obra do<br />
artesão, do <strong>docente</strong>. Ali há <strong>uma</strong> história. E, dependendo <strong>da</strong> habili<strong>da</strong>de do artesão, esse nó<br />
ficará bem disfarçado e estará visível somente <strong>para</strong> os olhos mais aguçados. A nossa<br />
reflexão sobre a identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong> quer buscar conhecer os fios que se entrecruzam e<br />
constituem identi<strong>da</strong>des.<br />
O nosso processo de investigação sobre a formação <strong>docente</strong> iniciou n<strong>uma</strong> ativi<strong>da</strong>de<br />
de formação continua<strong>da</strong> n<strong>uma</strong> escola catarinenses <strong>da</strong> Rede Sino<strong>da</strong>l de Educação em<br />
fevereiro de 2000, com a participação de 25 professores, e n<strong>uma</strong> ativi<strong>da</strong>de de sala de aula<br />
<strong>da</strong> disciplina Metodologia do Ensino Superior do curso de especialização de<br />
interdisciplinari<strong>da</strong>de, promovido pelo Programa de Pós-Graduação <strong>da</strong> Escola Superior de<br />
Teologia, ocorrido em outubro e novembro de 2000, coma participação de 43 professores-<br />
estu<strong>da</strong>ntes. Estes eram <strong>docente</strong>s <strong>da</strong> Rede Estadual de Ensino e atuavam no ensino<br />
fun<strong>da</strong>mental e no ensino médio.<br />
As ativi<strong>da</strong>des letivas pretendiam, fun<strong>da</strong>mentalmente, refletir sobre a formação<br />
<strong>docente</strong>, a construção <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>, a <strong>práxis</strong> educativa e o significado de ser<br />
<strong>docente</strong> <strong>para</strong> a sua vi<strong>da</strong> pessoal. Essa intenção era coloca<strong>da</strong>, no início <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de letiva,<br />
às pessoas <strong>para</strong> que não se interpretasse como um questionamento <strong>da</strong> pessoa, mas fosse<br />
compreendi<strong>da</strong> como <strong>uma</strong> reflexão sobre o seu sentido de ser <strong>docente</strong>. Na ativi<strong>da</strong>de de sala<br />
de aula refletíamos sobre o entrecruzamento <strong>da</strong>s diferentes influências que ca<strong>da</strong> pessoa<br />
recebia durante a sua trajetória de formação <strong>docente</strong>.<br />
Durante a ativi<strong>da</strong>de educativa de sala de aula<br />
sobre a temática <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>, um professor<br />
que freqüentava o curso pediu a palavra. Este<br />
Pergunta <strong>para</strong> a<br />
turma: quem se tornou<br />
professor porque<br />
queria?