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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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não era o que eu queria e que iria dependurar todos os alunos <strong>da</strong> sala nos<br />

preguinhos. (...) Hoje percebo como essas crianças sofreram com a minha<br />

inexperiência e com o meu sentimento.<br />

Há, por outro lado, um outro processo de condicionamento que ocorre através de<br />

um ambiente familiar, social e cultural propício. Diversas pessoas declararam que se<br />

tornaram professoras, porque a mãe, a irmã, a tia ou outros familiares também eram<br />

professores.<br />

A educadora brasileira Maria Isabel <strong>da</strong> Cunha 15 afirma que “a lembrança de antigos<br />

professores e a localização de experiências marcantes são inspiradoras de escolhas e<br />

concepções” educacionais. Nessa mesma direção, o educador canadense Maurice Tardiff 16<br />

fala <strong>da</strong>s “fontes sociais de aquisição” <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>. Nos relatos sobre a formação<br />

<strong>docente</strong>, as lembranças e as experiências vêm à tona, retornam do inconsciente, emergem<br />

<strong>da</strong>s profundezas simbólicas e tornam-se determinantes no processo consciente de decisões<br />

existenciais. Essas experiências resultam, nos primeiros instantes de formação e de atuação<br />

profissional, como educador, num processo de identificação e de criação de um modelo<br />

referencial a ser seguido.<br />

Uma <strong>da</strong>s professoras-estu<strong>da</strong>ntes participante<br />

<strong>da</strong>s minhas ativi<strong>da</strong>des em sala de aula,<br />

corroborou o pensamento de<br />

Maria Isabel <strong>da</strong> Cunha e afirmou:<br />

“Na hora de me inscrever<br />

no vestibular, (...) lembrei<br />

<strong>da</strong> minha professora de<br />

História e me inscrevi em<br />

Estudos Sociais.”<br />

O motivo de participar de um curso de especialização sobre educação pode suscitar<br />

alguns questionamentos. Um deles poderia ser o simples desejo pela titulação com a<br />

possibili<strong>da</strong>de de mu<strong>da</strong>nça de nível no plano de carreira e <strong>uma</strong> conseqüente melhoria<br />

salarial. A diferença salarial, entretanto, pode ser tão pequena que levaria muitos anos <strong>para</strong><br />

se ter o retorno do investimento. Apesar de ser essa <strong>uma</strong> dimensão a ser considera<strong>da</strong>, ela<br />

não é financeiramente compensadora. A segun<strong>da</strong> hipótese seria a busca por melhores<br />

condições <strong>para</strong> o exercício <strong>da</strong> profissão. Essa é <strong>uma</strong> visão que, em última instância, tem a<br />

ver com o olhar <strong>para</strong> a sua identi<strong>da</strong>de, com o sentir-se satisfeito com o seu próprio<br />

trabalho. Uma terceira, poderia ser a busca pelo sentido do que se está fazendo. É <strong>uma</strong><br />

busca que nem sempre se manifesta de forma consciente. Está mais presente no mal-estar<br />

15 Maria Isabel <strong>da</strong> CUNHA, Aprendizagens significativas na formação inicial de professores, p. 9.<br />

16 Maurice TARDIFF, Saberes <strong>docente</strong>s e formação profissional, p. 63ss.

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