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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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1.2. A problemática <strong>da</strong> formação <strong>docente</strong> no ideário pe<strong>da</strong>gógico<br />

35<br />

A falta de identificação profissional e a não-construção <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong><br />

provoca um mal-estar profissional ou um estado doentio e um desequilíbrio 18 nas relações<br />

interpessoais. António Nóvoa aponta que as conseqüências do mal-estar são:<br />

desmotivação pessoal e elevados índices de absentismo e de abandono,<br />

insatisfação profissional, atitude de desinvestimento e indisposição<br />

constante e ausência de <strong>uma</strong> reflexão crítica sobre a ação profissional. 19<br />

Esse mal-estar é acompanhado por um sentimento generalizado de “desconfiança<br />

em relação às competências e à quali<strong>da</strong>de do trabalho dos professores”, seja de si próprio<br />

ou de outras pessoas.<br />

Esses sentimentos geram <strong>uma</strong> autodesconfiança e <strong>uma</strong> autodepreciação do trabalho,<br />

dificultando o processo de ressignificação <strong>da</strong> prática educativa e <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>.<br />

Eles podem gerar reações de resistência a <strong>uma</strong> reflexão crítica e até mesmo oposição e<br />

rejeição a ela. Há <strong>uma</strong> atitude de resistência em que a pessoa não acredita no que é capaz<br />

de fazer e pensar e que pode gerar um sentimento de insegurança <strong>para</strong> refletir sobre a<br />

própria <strong>práxis</strong>. E, ao mesmo tempo, <strong>uma</strong> atitude cautelosa no acolhimento de novas<br />

propostas de trabalho. Por outro lado, há <strong>uma</strong> reação que toma a forma de defesa e<br />

rejeição, pois qualquer proposta de análise crítica pode conter a conotação de <strong>uma</strong> crítica à<br />

sua <strong>práxis</strong> e, conseqüentemente, <strong>uma</strong> ameaça a sua pessoa. Sentindo-se ameaça<strong>da</strong>, a pessoa<br />

pode assumir <strong>uma</strong> atitude de desmotivação e descrença, de oposição e de rejeição.<br />

O pe<strong>da</strong>gogo brasileiro Miguel Arroyo 20 denuncia o olhar negativo que se lança<br />

<strong>docente</strong>s. Nessa visão negativa, os <strong>docente</strong>s são classificados como “tradicionais,<br />

despre<strong>para</strong>dos, desmotivados, ineficientes, ... e por aí”. Em sua análise, Arroyo acrescenta<br />

que “as análises mais progressistas”, formula<strong>da</strong>s a partir de aspectos político-ideológicos,<br />

somam-se à visão negativa, geralmente descrevendo os <strong>docente</strong>s como: “despolitizados,<br />

alienados, sem consciência de classe, sem compromisso político, desmobilizados” 21 . Estes<br />

e outros olhares negativos “têm marcado o imaginário social e a auto-imagem dos mestres”<br />

desse ofício.<br />

18<br />

Juan MOSQUERA, Claus D. STOBÄUS, O professor, personali<strong>da</strong>de e relações interpessoais,<br />

p. 91-108.<br />

19<br />

António NÓVOA, O passado e o presente dos professores, p. 20.<br />

20<br />

Miguel G. ARROYO, Ofício de mestre: imagens e auto-imagens, p. 203.<br />

21 Id., ibid., p. 203.

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