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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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tornar-se ecoísta ou narcísico tem a ver diretamente com o processo de relação com a<br />

tipologia oposta à sua. E isto deveria implicar em conviver com <strong>uma</strong> varie<strong>da</strong>de de<br />

situações, contextos e pessoas. Não conviver somente com pessoas opostas e nem somente<br />

com tipologia semelhante à sua <strong>para</strong> evitar o perigo de solidificação e engessamento <strong>da</strong>s<br />

suas características.<br />

Noé afirma que não é “adequado negar ou tentar esvaziar-se completamente” na<br />

tipologia narcísica e “nem entregar-se irrestritamente a <strong>uma</strong> delas”, mas aceitá-la “como<br />

recurso terapêutico pontual e situacional” 581 . Nós podemos dizer o mesmo em relação à<br />

tipologia ecoísta. O autor tem como referencial o atendimento psicológico e o<br />

aconselhamento pastoral. O meu olhar está direcionado <strong>para</strong> a ativi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>. A partir<br />

deste olhar, constato a presença narcísica e ecoísta na <strong>práxis</strong> educativa, tanto na atuação<br />

direta com estu<strong>da</strong>ntes, quanto na pesquisa acadêmica, na coordenação pe<strong>da</strong>gógica e na<br />

administração escolar.<br />

14.4. Um olhar pe<strong>da</strong>gógico <strong>para</strong> Eco e Narciso<br />

Uma posição bastante cômo<strong>da</strong>, impessoal e caracteriza<strong>da</strong> por <strong>uma</strong> projeção<br />

idealizadora <strong>da</strong> ação <strong>docente</strong> e <strong>da</strong> <strong>práxis</strong> educativa seria a eliminação do convívio e do<br />

espaço escolar <strong>da</strong>s pessoas que são acentua<strong>da</strong>mente narcísicas ou ecoístas. Essa<br />

eliminação, que significaria demissão, exclusão, seria expressamente <strong>uma</strong> forma de<br />

condenação social, educacional e cultural do profissional. Pode-se perguntar se, no fundo,<br />

essa eliminação não seria muito semelhante aos motivos <strong>da</strong> maldição proferi<strong>da</strong> por Juno na<br />

narrativa do mito de Narciso e Eco. Ou seja, condena-se, elimina-se, aquelas e aqueles que<br />

podem se caracterizar como <strong>uma</strong> ameaça ao poder, que podem desestabilizar <strong>uma</strong> relação<br />

pseudo-harmoniosa. Por outro lado, deveriam ser questionados os critérios de análise <strong>para</strong><br />

a eliminação e perguntar o quanto eles estão isentos ou livres de projeções pessoais. A<br />

eliminação significaria também a idealização de um protótipo, de <strong>uma</strong> caracterização<br />

unilateral em detrimento de outro.<br />

O definhamento do corpo é outro processo de eliminação e que nem sempre se<br />

torna tão visível e socialmente rejeitado. Nesse processo de eliminação, o narcísico<br />

permanece inerte diante do seu “espelho de água” e não tem força <strong>para</strong> mover-se. A pessoa<br />

581 Id., ibid., p. 56.

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