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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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259<br />

Sidnei Noé, analisando o comportamento <strong>da</strong>s pessoas que procuram os conselheiros<br />

pastorais, destaca traços típicos de <strong>uma</strong> estrutura narcísica:<br />

Vazio interior, olhos vazios, negação do sentimento, oscilação entre<br />

fantasia de onipotência e sensações de impotência absoluta, incapaci<strong>da</strong>de<br />

de amar, medo do fracasso, sede e idolatria do poder, per<strong>da</strong> <strong>da</strong> noção<br />

histórica, acessos de cólera incomensurável, sentimento de ser especial e,<br />

não por último, crise de sentido. 579<br />

Na descrição apresenta<strong>da</strong> por Noé, percebe-se a relação estreita entre Narciso e<br />

Eco, pois o comportamento ecoísta apresenta traços semelhantes ao descrito acima.<br />

Entretanto, poderíamos acrescentar à dimensão narcísica a extroversão exagera<strong>da</strong>.<br />

Metaforicamente, seria <strong>uma</strong> pessoa que “fala pelos cotovelos”. N<strong>uma</strong> estrutura ecoísta,<br />

contudo, não estariam tão presentes as atitudes de cólera, sentimento de ser especial e sede<br />

e idolatria de poder. Ao passo que, estariam mais presentes, entre outros aspectos, a<br />

dificul<strong>da</strong>de de expressar o sentimento, inércia, repetição <strong>da</strong> mesma fala.<br />

Na perspectiva de Noé, o “problema não está no narcisismo em si, mas como as<br />

pessoas se relacionam com seu narcisismo” 580 . Na <strong>práxis</strong> educativa significaria verificar o<br />

quanto a pessoa tem consciência <strong>da</strong> sua identi<strong>da</strong>de tipológica narcísica ou ecoísta e o<br />

quanto sabe li<strong>da</strong>r com ela. O problema também não está no ecoísmo em si, mas no quanto<br />

as pessoas estão e se sentem enclausura<strong>da</strong>s na atitude ecoísta. Ou usando <strong>uma</strong> outra<br />

metáfora: o quanto elas estão “encapsula<strong>da</strong>s” na sua atitude ecoísta.<br />

Aqui se apresenta a questão <strong>da</strong> constituição, <strong>da</strong> composição <strong>da</strong> tipologia narcísica e<br />

ecoísta n<strong>uma</strong> pessoa. Como a pessoa se torna narcísica ou ecoísta? É <strong>uma</strong> questão genética<br />

ou opção pessoal? Respondemos a esta questão a partir <strong>da</strong> reflexão sobre a tipologia<br />

psicológica elabora<strong>da</strong> por Jung.<br />

Carl Jung afirma que as tipologias <strong>da</strong> atitude h<strong>uma</strong>na de introversão e extroversão<br />

são frutos <strong>da</strong> composição de diversos fatores, como influência cultural e familiar. Nós<br />

podemos acrescentar as oportuni<strong>da</strong>des de aprendizagem, os condicionamentos sociais que<br />

influenciam tanto um quanto o outro, as características de espaços e tempos culturais.<br />

Portanto, a predominância de <strong>uma</strong> ou outra atitude tipológica é resultado de <strong>uma</strong> trajetória<br />

de vi<strong>da</strong>. E assim, como as características <strong>da</strong> personali<strong>da</strong>de de ca<strong>da</strong> indivíduo são dinâmicas<br />

e vão se reconfigurando no decorrer <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, também as duas atitudes h<strong>uma</strong>nas, teoriza<strong>da</strong>s<br />

por Jung, ressignificam-se de acordo com as oportuni<strong>da</strong>des e os fatores que cercam a vi<strong>da</strong>.<br />

579 Id., ibid., p. 46.<br />

580 Id., ibid., p. 56.

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