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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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resistência como um elemento de oposição, de ação ativa contra <strong>uma</strong> situação de opressão.<br />

Nós entendemos a resistência como <strong>uma</strong> ação reflexiva de construção e reconstrução <strong>da</strong><br />

sua própria concepção, como um processo de transformação <strong>da</strong> sua própria <strong>práxis</strong> e de<br />

ressignificação <strong>da</strong> sua identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>. A resistência, no nosso entendimento, é um<br />

movimento dinâmico, dialético e contínuo de compreender-se <strong>para</strong> compreender melhor a<br />

si mesmo e ver a si mesmo na relação com as outras pessoas, seja colegas de profissão seja<br />

estu<strong>da</strong>ntes. Esse processo de autocompreensão não se faz pacificamente. Ele está carrega<strong>da</strong><br />

de tensões e ansie<strong>da</strong>des. Ele nos toca incondicionalmente. Ele mexe e remexe com<br />

questões <strong>da</strong> existência h<strong>uma</strong>na. A compreensão <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong> envolve a<br />

racionali<strong>da</strong>de crítica que não se limita à reflexão objetiva, mas integra a dimensão <strong>da</strong>s<br />

relações e <strong>da</strong>s percepções subjetivas, assim como a reflexão sobre a existenciali<strong>da</strong>de<br />

h<strong>uma</strong>na.<br />

Em nenhum momento, pretendo questionar ou minimizar aqui a importância do<br />

projeto político <strong>da</strong> educação e nem mesmo desconsiderar a importância do seu alcance<br />

social. Entretanto, um dos focos centrais <strong>da</strong> nossa reflexão está direcionado <strong>para</strong> duas<br />

questões básicas: a) que a pe<strong>da</strong>gogia tem <strong>uma</strong> essência fun<strong>da</strong>mentalmente educativa com<br />

alcance social e político, mas que a sua intencionali<strong>da</strong>de primeira não é o social e nem o<br />

político, e b) que a mu<strong>da</strong>nça e transformação <strong>da</strong> prática educativa passa pela significação,<br />

ressignificação e ressimbolização <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>, e não preferencialmente pela<br />

reestruturação do sistema. A mu<strong>da</strong>nça e transformação não são entendi<strong>da</strong>s no sentido<br />

teológico tradicional e conservador de conversão, em que todos os males são expiados,<br />

expurgados, após <strong>uma</strong> alteração de rota e de pensamento, mas n<strong>uma</strong> compreensão bíblico-<br />

teológica de metanoia processual e permanente, em que as transformações vão se fazendo<br />

e se refazendo num ato contínuo. Dessa forma, a perspectiva de metanoia entra em conflito<br />

com o mito de <strong>uma</strong> visão idealista e salvacionista de que o educador seja o “salvador <strong>da</strong><br />

pátria”. Portanto, compreender o educador como um intelectual crítico e transformador,<br />

significa vê-lo na perspectiva <strong>da</strong> metanoia processual e ininterrupta, despi<strong>da</strong> <strong>da</strong> dimensão<br />

mítica salvacionista, mas que integra a dimensão estrutural, a prática educativa, a<br />

intencionali<strong>da</strong>de pe<strong>da</strong>gógica, a identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong> e as relações sociais e comunitárias.<br />

N<strong>uma</strong> perspectiva freireana, podemos dizer que quanto mais consciente o professor<br />

estiver <strong>da</strong> sua reali<strong>da</strong>de, quanto mais inserido no mundo <strong>para</strong> transformá-lo, quanto mais<br />

ciente estiver <strong>da</strong> sua inacababili<strong>da</strong>de 71 , quanto mais caminhar <strong>para</strong> a sua dimensão<br />

71 Paulo FREIRE, Educação e mu<strong>da</strong>nça, p. 27-28.

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