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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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interdependência <strong>da</strong>s situações existenciais e <strong>da</strong>s conexões relacionais, profissionais e<br />

reflexivas.<br />

Morão afirma que, com o pensamento do filósofo Heidegger, a <strong>hermenêutica</strong><br />

desloca-se <strong>da</strong> compreensão epistemológica, elabora<strong>da</strong> por Dilthey, <strong>para</strong> <strong>uma</strong> esfera<br />

ontológica 113 , pois não se investiga meramente o modo do conhecimento, mas o modo de<br />

ser <strong>da</strong> pessoa, pergunta-se pelo sentido do Ser. O filósofo francês Paul Ricoeur, apontado<br />

como representante <strong>da</strong> <strong>hermenêutica</strong> filosófica, desenvolve, em seu livro Da Interpretação,<br />

<strong>uma</strong> crítica às reflexões de Karl Marx, Sigmund Freud e Friedrich Nietzsche,<br />

classificando-os como “hermeneutas <strong>da</strong> suspeita” e considera a teoria de ambos como<br />

reducionista e a eles “como três grandes destruidores” 114 . Na sua obra Do texto à ação,<br />

Ricoeur, apesar de reconhecer a contribuição que os três deram ao pensamento filosófico,<br />

reafirma esta convicção. Ricoeur, por sua vez, defende <strong>uma</strong> “<strong>hermenêutica</strong> <strong>da</strong><br />

confiança” 115 que vai em busca do sentido fenomenológico <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, dirigindo-se <strong>para</strong><br />

frente, em direção ao mundo, que abre o sentido a ser interpretado.<br />

A perspectiva apresenta<strong>da</strong> por Ricoeur abre as portas <strong>para</strong> <strong>uma</strong> melhor<br />

compreensão e interpretação <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>, pois não se pode compreender o<br />

educador somente pela sua forma de atuar pe<strong>da</strong>gogicamente, mas fun<strong>da</strong>mentalmente pelo<br />

conjunto <strong>da</strong> sua pessoa. A sua <strong>hermenêutica</strong> <strong>da</strong> confiança apresenta-se como um<br />

pensamento fun<strong>da</strong>mental <strong>para</strong> <strong>uma</strong> <strong>hermenêutica</strong> <strong>da</strong> <strong>práxis</strong> educativa e <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de<br />

<strong>docente</strong>, pois resgata a esperança na pessoa do professor, apesar de to<strong>da</strong> carga de descrença<br />

presente no sistema de ensino e vê a sua identi<strong>da</strong>de grávi<strong>da</strong> de sentido e sendo construí<strong>da</strong> e<br />

reconstruí<strong>da</strong> permanentemente através <strong>da</strong> narrativa <strong>da</strong> sua trajetória pessoal e <strong>da</strong> sua<br />

concepção de <strong>práxis</strong>.<br />

Considerando a contribuição de Dilthey, Morão afirma:<br />

o alargamento <strong>da</strong> <strong>hermenêutica</strong>, como ciência <strong>da</strong> interpretação dos textos,<br />

a to<strong>da</strong> a forma de expressão h<strong>uma</strong>na, escrita ou não, desde a obra de arte<br />

ao conto popular e, em segui<strong>da</strong>, à compreensão <strong>da</strong> existência h<strong>uma</strong>na, foi<br />

pre<strong>para</strong><strong>da</strong> por Dilthey. 116<br />

A interpretação <strong>da</strong><strong>da</strong> por Morão permite ampliar o conceito de interpretação de<br />

textos, não se restringindo somente à questão escrita, mas possibilitando integrar a questão<br />

<strong>da</strong> arte visual, seja através <strong>da</strong> pintura e <strong>da</strong>s artes plásticas, seja através <strong>da</strong> arte dramática, <strong>da</strong><br />

113 Id., ibid., col. 1106.<br />

114 Paul RICOEUR, Da interpretação, p. 37ss.<br />

115 Benno DISCHINGER, Apresentação, p. 17.

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