aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
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A terceira função é a exploração <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> alma. O símbolo abre dimensões<br />
e estruturas <strong>da</strong> alma h<strong>uma</strong>na que correspondem às dimensões e estruturas <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de. Há<br />
aspectos dentro <strong>da</strong> própria pessoa, <strong>da</strong> intimi<strong>da</strong>de, do inconsciente que são inacessíveis. O<br />
símbolo tem a função de proporcionar acesso às reali<strong>da</strong>des íntimas e inconscientes que de<br />
outra forma são praticamente inacessíveis. No processo de ressignificação <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de<br />
<strong>docente</strong> devemos estar atento às manifestações simbólicas e míticas expressa<strong>da</strong>s de forma<br />
direta ou indireta e proporcionar o espaço de liber<strong>da</strong>de <strong>para</strong> a sua livre manifestação. Nesse<br />
processo de manifestação, o <strong>docente</strong> se utiliza do símbolo e do mito <strong>para</strong> falar,<br />
indiretamente, <strong>da</strong> sua pessoa. Dessa forma, ele se protege atrás do símbolo e do mito e vai<br />
se “desnu<strong>da</strong>ndo” na medi<strong>da</strong> em que aumenta o seu espaço de segurança e de liber<strong>da</strong>de de<br />
manifestação. Neste ponto podemos fazer <strong>uma</strong> breve alusão ao conceito de “duplo sentido”<br />
do símbolo, elabora<strong>da</strong> pelo filósofo Paul Ricoeur, em que o símbolo, ao mesmo tempo,<br />
revela e oculta o que se passa na alma h<strong>uma</strong>na.<br />
A quarta função é o caráter existencial do símbolo. O símbolo não pode ser<br />
inventado arbitrariamente. Conseqüentemente, ele tem um caráter de autonomia<br />
existencial. Ele tem a função de apontar ao ser h<strong>uma</strong>no a sua finitude e alertá-lo quanto a<br />
ela, pois, ao mesmo tempo em que o símbolo propicia o encontro entre o finito e o infinito,<br />
a transcendência e a imanência, também sinaliza os limites h<strong>uma</strong>nos.<br />
A quinta e última função do símbolo é o caráter comunitário do símbolo. O<br />
símbolo tem a função de apontar <strong>para</strong> o reconhecimento social do simbolismo. O símbolo<br />
não subsiste sem o reconhecimento do seu significado social. Podemos fazer a mesma<br />
reflexão em relação ao mito. Por exemplo, os mitos de Narciso ou de Fausto somente se<br />
evidenciam na educação devido à sua aceitação, ao seu reconhecimento e ao seu caráter de<br />
existenciali<strong>da</strong>de. Ou seja, eles têm sentido e significado <strong>para</strong> a identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>. O seu<br />
reconhecimento, a sua aceitação e sua vali<strong>da</strong>de não é <strong>da</strong><strong>da</strong> pela própria pessoa, mas pela<br />
comuni<strong>da</strong>de. Pode-se também dizer, inversamente, que não sobrevivem o símbolo e o mito<br />
que não são vali<strong>da</strong>dos pela comuni<strong>da</strong>de em geral. O símbolo, seja ele de caráter simbólico<br />
ou diabólico, sempre congregará pessoas em torno de si. Também o símbolo com<br />
dimensões diabólicas precisa de aceitação e vali<strong>da</strong>ção comunitária, senão ele não<br />
sobrevive, não é reconhecido como tal nem mantém a sua potenciali<strong>da</strong>de.<br />
Portanto, na construção <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong> e <strong>da</strong> sua ressignificação, os símbolos<br />
determinantes <strong>da</strong> sua existenciali<strong>da</strong>de permanecerão tendo essa operacionalização, à<br />
260 Marc GIRARD, Os símbolos na Bíblia, p. 38.