aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
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Há educadores que articulam o seu fazer-pe<strong>da</strong>gógico, o seu pensar-pe<strong>da</strong>gógico, o<br />
seu ser-pe<strong>da</strong>gógico e o seu conviver-pe<strong>da</strong>gógico a partir de figurações, imagens e histórias<br />
míticas. Eles incorporam na sua essência e existência pe<strong>da</strong>gógicas os elementos de<br />
determinados mitos. Num olhar de fora, pode-se compreender melhor o próprio educador,<br />
não com a intenção de julgá-lo e classificá-lo, mas como <strong>uma</strong> possibili<strong>da</strong>de de melhor<br />
entendê-lo e estabelecer, com ele, <strong>uma</strong> maior e melhor quali<strong>da</strong>de relacional e identitária.<br />
Muitas vezes, educadores projetam e articulam o seu projeto pe<strong>da</strong>gógico, de forma<br />
explícita e articula<strong>da</strong> ou não, sem se <strong>da</strong>r conta que carregam em si a expressão de<br />
determinados mitos. A expressão desses mitos pode ocorrer através de traços mais<br />
primitivos ou mais modernizados e remodernizados.<br />
As narrações de mitos, os jogos simbólicos relacionados com os mesmos, as<br />
ativi<strong>da</strong>des lúdicas envolvendo imagens simbólicas ou oníricas e dinâmicas com símbolos<br />
existenciais podem constituir-se em importantes elementos <strong>da</strong> toma<strong>da</strong> de consciência <strong>da</strong><br />
identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>. Essas ações, no fundo, não pretendem ser <strong>uma</strong> ativi<strong>da</strong>de terapêutica, e<br />
sim ações pe<strong>da</strong>gógicas de formação continua<strong>da</strong> do educador. Pretendem ser,<br />
principalmente, um aclaramento e <strong>uma</strong> toma<strong>da</strong> de consciência <strong>da</strong> sua própria identi<strong>da</strong>de<br />
pe<strong>da</strong>gógica. Ou, na compreensão de Carlos Byington, a ação <strong>da</strong> pe<strong>da</strong>gogia simbólica aju<strong>da</strong><br />
a “coordenar o desenvolvimento simbólico de to<strong>da</strong> a personali<strong>da</strong>de” 562 . É necessário,<br />
contudo, reconhecer que essas ações pe<strong>da</strong>gógicas também resultam em processos<br />
terapêuticos, apesar de não ser a sua intenção primeira.<br />
O processo de conhecer-se, compreender-se e reconfigurar a sua identi<strong>da</strong>de é<br />
também um processo de estabelecer <strong>uma</strong> pessoa saudável 563 que tem a capaci<strong>da</strong>de de auto-<br />
realização e, portanto, de constituir <strong>uma</strong> reequilibração e <strong>uma</strong> harmonia <strong>da</strong> psique. Juan<br />
Mosquera defendendo a idéia de <strong>uma</strong> personali<strong>da</strong>de saudável, afirma que a “pessoa<br />
saudável se empenha em três tarefas” 564 : a) o crescimento em sua consciência pessoal; b) a<br />
quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> relação com outras pessoas e c) aprender a entender um mundo em constante<br />
mutação. Queremos ain<strong>da</strong> destacar alg<strong>uma</strong>s <strong>da</strong>s características de <strong>uma</strong> pessoa saudável<br />
aponta<strong>da</strong>s por Mosquera 565 : a) pessoa saudável é realista, pois aprende a ver a reali<strong>da</strong>de e<br />
as pessoas como elas são; b) a pessoa é saudável quando desenvolve <strong>uma</strong> auto e <strong>uma</strong><br />
hetero-aceitação; c) ela é saudável quando se revela naturalmente espontânea, autônoma,<br />
democrática e criativa.<br />
562 Carlos Amadeu Botelho BYINGTON, Pe<strong>da</strong>gogia simbólica, p. 274.<br />
563 Juan MOSQUERA, Claus D. STOBÄUS, Saúde do professor e relações interpessoais, p. 99.<br />
564 Id., ibid., p. 100-102.