12.04.2013 Views

aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

174<br />

c) ele ameaça a auto-afirmação moral do ser h<strong>uma</strong>no, de modo relativo, em termos de<br />

culpa, de modo absoluto, em termos de condenação.<br />

Ele explica que o primeiro tipo, a ansie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> morte, é o horizonte permanente<br />

dentro do qual a ansie<strong>da</strong>de do destino trabalha. No segundo tipo, somos cortados <strong>da</strong><br />

participação criadora n<strong>uma</strong> esfera <strong>da</strong> cultura, sentimo-nos frustrados a respeito de algo que<br />

se tinha afirmado com paixão, somos conduzidos <strong>da</strong> devoção a um objeto à devoção por<br />

outro e de novo por outro, porque o sentido de ca<strong>da</strong> um deles se desvanece e o “eros”<br />

criador se transforma em indiferença ou aversão. No terceiro tipo, a ansie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> culpa<br />

está presente em ca<strong>da</strong> momento <strong>da</strong> autoconsciência moral e pode levar-nos à completa<br />

auto-rejeição, <strong>para</strong> o sentimento de estar condenado, ao desespero de haver perdido nosso<br />

destino.<br />

Dessa forma, podemos perceber que os mecanismos de resistência podem gerar um<br />

processo de negação <strong>da</strong> própria pessoa ameaçando a própria auto-afirmação. A reversão<br />

dessa reali<strong>da</strong>de somente é possível a partir do ato e <strong>da</strong> vontade <strong>da</strong> coragem de ser, de<br />

buscar incessantemente a auto-afirmação, a aceitação do aceitar-se e do ser aceito. O ato <strong>da</strong><br />

coragem de ser não é somente <strong>uma</strong> questão antropológica, mas também transcendental. É<br />

um ato de fé, de “ser apoderado pela potência do ser que transcende tudo que é, e <strong>da</strong> qual<br />

tudo que é participa” 389 . Portanto, a coragem de ser não é <strong>uma</strong> ação que parte unicamente<br />

de dentro <strong>da</strong> própria pessoa, liga<strong>da</strong> diretamente ao seu desejo, à sua vontade, mas é <strong>uma</strong><br />

potencialização transcendental. Podemos concluir este trecho com a afirmação do próprio<br />

Paul Tillich:<br />

A coragem do ser é o ato ético no qual o homem afirma seu próprio ser a<br />

despeito <strong>da</strong>queles elementos de sua existência que entram em conflito<br />

com a sua auto-afirmação essencial. 390<br />

10.2. A graça de Deus nos reconcilia conosco mesmo<br />

Nas páginas anteriores, relatamos as reflexões desenvolvi<strong>da</strong>s através <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des<br />

interativas com grupos de formação continua<strong>da</strong> e queremos, aqui, destacar os sentimentos<br />

de baixa auto-estima, desvalorização pessoal, ansie<strong>da</strong>de, esgotamento, frustração e culpa<br />

que muitas vezes apareceram nas narrativas orais. Esses sentimentos, contudo, quando não<br />

são devi<strong>da</strong>mente equacionados, transformam-se facilmente num grau de stress que<br />

prejudica a quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> e a saúde psíco-físico-emocional e intelectual do <strong>docente</strong>.<br />

389 Id., ibid., p. 134.<br />

390 Paul TILLICH, A coragem de ser, p. 3.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!