aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
192<br />
consciência <strong>da</strong> sua construção identitária. Através <strong>da</strong> re<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> trajetória pessoal e não<br />
somente na narrativa oral, podemos perceber a importância <strong>da</strong> narração <strong>para</strong> a construção<br />
<strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>. Os relatos que trazemos abaixo 426 constituem <strong>uma</strong> mostra do<br />
processo de toma<strong>da</strong> de consciência <strong>da</strong> construção e ressignificação <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>.<br />
Depoimento nº 01<br />
No caminhar <strong>da</strong> educação fui forma<strong>da</strong> por profissionais de reações<br />
diferentes e de ca<strong>da</strong> um deles trouxe comigo um pouquinho. O jeito sério<br />
de muitos, a arrogância de outros, a falta de humil<strong>da</strong>de de alguns. Fui<br />
educa<strong>da</strong> nos primeiros anos com professoras as quais tenho admiração e<br />
carinho, pois tiveram grande significância em minha vi<strong>da</strong> seguinte.<br />
No caminhar do trem fui <strong>para</strong>r em <strong>uma</strong> ci<strong>da</strong>dezinha, quase vilarejo no<br />
interior, no ‘sertão’ <strong>da</strong> Bahia; foi muito diferente e estranho <strong>para</strong> mim,<br />
meu professor era homem, e era <strong>uma</strong> pessoa que se achava melhor que<br />
todos, os alunos eram sempre medíocres <strong>para</strong> ele (<strong>para</strong> não citar ‘burros’)<br />
durante esse período senti muita dificul<strong>da</strong>de, mas, venci. Durante o<br />
ensino fun<strong>da</strong>mental e médio tive um professor narcísico, ele sentia-se o<br />
melhor, apenas as colocações dele eram corretas e nós não tínhamos<br />
sequer o direito de questionar. Apenas absorver seus conteúdos.<br />
Hoje, em minha caminha<strong>da</strong> educacional carrego um pouquinho de ca<strong>da</strong><br />
um deles em minha mala, pois foram e são pessoas assim que fazem o<br />
meu caminhar positivo e diferente.<br />
Esta educadora introduziu a imagem simbólica <strong>da</strong> mala na representação <strong>da</strong> foto.<br />
Ela mencionou oralmente que as pessoas fazem diversas viagens de “trem” no percurso <strong>da</strong><br />
sua vi<strong>da</strong> e suas bagagens, suas malas, são preenchi<strong>da</strong>s e/ou esvazia<strong>da</strong>s durante a trajetória<br />
de vi<strong>da</strong>. A sua reflexão motivou o grupo de colegas <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de sala de aula a destacar<br />
que nós, a ca<strong>da</strong> dia, ampliamos mais do que diminuímos a nossa bagagem. Ca<strong>da</strong> nova<br />
experiência, ca<strong>da</strong> nova reflexão, é algo mais que acrescemos à nossa trajetória de vi<strong>da</strong>.<br />
Ca<strong>da</strong> nova vivência interpessoal é nova influência que recebemos e acrescentamos à nossa<br />
vi<strong>da</strong>.<br />
Depoimento nº 02<br />
426 O uso dos relatos foi autorizado pelas pessoas nas ativi<strong>da</strong>des em sala de aula. Mantemos o<br />
anonimato <strong>da</strong>s pessoas <strong>para</strong>, por um lado, preservar as pessoas e, por outro lado, transformar os<br />
relatos pessoais em textos reflexivos e simbólicos de <strong>uma</strong> ativi<strong>da</strong>de letiva. Estes não foram os<br />
únicos relatos. Escolhemos estes relatos, pois foram os que provocaram maior impacto nos<br />
relatos grupais e promoveram reflexões intergrupais. A nossa escolha já é um ato interpretativo,<br />
porque selecionamos o que tem relação com a nossa reflexão.