12.04.2013 Views

aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

88<br />

destituído de base racional. 189 Ele considera a “teoria como incoerente” e as construções<br />

centrais, o arquétipo e o símbolo, como inválidos. 190 Na sua argumentação crítica, Bucher<br />

afirma que a forma de conceber o inconsciente coletivo e os arquétipos não são<br />

logicamente construídos.<br />

Podemos contrapor ao pensamento de Bucher o do próprio Jung. Na sua<br />

argumentação a respeito do conceito de arquétipo e num processo de autojustificação, Jung<br />

reconhece não ser um filósofo, mas um empirista que se mantém fiel ao ponto de vista<br />

fenomenológico 191 , e que sua problemática intelectual não pretende ter <strong>uma</strong> vali<strong>da</strong>de<br />

universal. 192 Apesar dessa declaração, devemos reconhecer que Jung, com a sua reflexão<br />

sobre o pensamento oriental, especialmente o religioso, tem um alcance maior do que a<br />

reali<strong>da</strong>de ocidental européia. Entretanto, o principal argumento do próprio Jung a respeito<br />

<strong>da</strong> crítica de Bucher é a reflexão que faz sobre o desdobramento <strong>da</strong>s idéias de Kant:<br />

(...) pouco a pouco foi-se abrindo caminho à intuição de que o pensar, a<br />

razão, a compreensão, etc., não são processos autônomos, livres de<br />

qualquer condicionamento subjetivo, apenas a serviço <strong>da</strong>s eternas leis <strong>da</strong><br />

lógica, mas sim funções psíquicas agrega<strong>da</strong>s e subordina<strong>da</strong>s a <strong>uma</strong><br />

personali<strong>da</strong>de. A pergunta não é mais se isto ou aquilo foi visto, ouvido,<br />

tocado com as mãos, pesado, contado, pensado e considerado lógico. 193<br />

Na explanação sobre o princípio metodológico <strong>da</strong> análise dos produtos do<br />

inconsciente, Jung afirma que os “conteúdos de natureza arquetípica” são algo<br />

essencialmente inconsciente e que, portanto, “é impossível indicar aquilo a que se refere.<br />

To<strong>da</strong> interpretação estaciona necessariamente no ‘como se’” 194 . O núcleo de significado<br />

pode ser circunscrito, mas não descrito, pois só se tem acesso ao inconsciente que se<br />

tornou consciente ou que se expressa metaforicamente, através de mitos, símbolos, contos<br />

de fa<strong>da</strong>s, imagens oníricas ou não, imagens de artes e outras formas de expressão que não<br />

sejam do raciocínio lógico. Ou seja, a reflexão sobre o pensamento simbólico não pode se<br />

deter no raciocínio lógico ou se limitar a este, assim como também não pode ser<br />

determina<strong>da</strong> unicamente pelo empirismo, senão seria difícil elaborar <strong>uma</strong> <strong>hermenêutica</strong><br />

reflexiva e simbólica sobre a identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>. Ao mesmo tempo, é necessário<br />

reconhecer que a personali<strong>da</strong>de de ca<strong>da</strong> pensador influencia a sua forma de pensar,<br />

articular suas idéias e de se correlacionar com a socie<strong>da</strong>de e com sua situação existencial.<br />

189<br />

Anton BUCHER, Symbol – Symbolbildung – Symbolerziehung, p. 167.<br />

190<br />

Id., ibid., p. 182.<br />

191<br />

Carl Gustav JUNG, Psicologia e religião, § 02.<br />

192<br />

Carl Gustav JUNG, Os arquétipos e o inconsciente coletivo, § 149.<br />

193 Id., ibid., § 150.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!