aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
44<br />
formalizar <strong>uma</strong> distinção entre trabalho pe<strong>da</strong>gógico (atuação profissional<br />
em um amplo leque de práticas educativas) e trabalho <strong>docente</strong> (...) e<br />
caberia entender que todo trabalho <strong>docente</strong> é trabalho pe<strong>da</strong>gógico, mas<br />
nem todo trabalho pe<strong>da</strong>gógico é trabalho <strong>docente</strong>. 43<br />
Portanto, falar de identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong> e <strong>da</strong> ressignificação <strong>da</strong> sua <strong>práxis</strong> educativa<br />
significa referir-se aos que atuam em sala de aula.<br />
No nosso processo de reflexão sobre a <strong>práxis</strong> educativa, é importante reconhecer<br />
que, ao ingressarem nos cursos de formação <strong>docente</strong>, as pessoas “trazem consigo inúmeras<br />
e varia<strong>da</strong>s experiências (...) adquiri<strong>da</strong>s como alunos de diferentes professores ao longo de<br />
sua vi<strong>da</strong> escolar” 44 . Enquanto as pessoas desenvolvem o processo de socialização do<br />
conhecimento vão introjetando <strong>uma</strong> concepção de ser professor e <strong>uma</strong> imagem de atitude<br />
relacional entre professor e aluno. Alg<strong>uma</strong>s posturas de ensino, seja na questão relacional<br />
seja na organização didática, vão se constituindo em configurações de imagens e<br />
protótipos, os quais se tornam objetos referenciais <strong>para</strong> aqueles que querem assumir a<br />
docência. Podemos afirmar que não há ninguém que, ao iniciar a sua formação como<br />
<strong>docente</strong>, seja totalmente inexperiente e que não possua nenh<strong>uma</strong> imagem ou pré-imagem<br />
do que é ser professor. Ca<strong>da</strong> um carrega consigo <strong>uma</strong> pré-imagem do que é ser professor,<br />
que ele irá ratificar ou transformar.<br />
Maurice Tardiff, analisando a formação profissional, afirma que o saber<br />
profissional é associado “tanto às suas fontes e lugares de aquisição quanto aos seus<br />
momentos e fases de construção” 45 . O pensamento de Maurice Tardiff coincide, em grande<br />
parte, com o de Selma Pimenta e Miguel Arroyo. O educador Miguel Arroyo, ao se referir<br />
às imagens de <strong>docente</strong> que carregamos, menciona que o componente vocacional ain<strong>da</strong> é<br />
forte na auto-imagem de muitos professores. Ele afirma:<br />
Por mais que tentemos apagar esse traço vocacional, de serviço e de<br />
ideal, a figura de professor, aquele que professa <strong>uma</strong> arte, <strong>uma</strong> técnica ou<br />
ciência, um conhecimento, continuará cola<strong>da</strong> à idéia de profecia,<br />
professar ou abraçar doutrinas, modos de vi<strong>da</strong>, ideais, amor, dedicação.<br />
Professar como um modo de ser. Vocação, a profissão nos situam em<br />
campos semânticos tão próximos <strong>da</strong>s representações sociais em que<br />
foram configurados culturalmente. São difíceis de apagar o imaginário<br />
social e pessoal sobre o ser professor, educador, <strong>docente</strong>. É a imagem do<br />
outro que carregamos em nós. 46<br />
42 Jacques THERRIEN, Saberes <strong>da</strong> experiência, identi<strong>da</strong>de e competência profissional, p. 11ss.<br />
43 José Carlos LIBÂNEO, Pe<strong>da</strong>gogia e pe<strong>da</strong>gogos, <strong>para</strong> quê?, p. 31<br />
44 Selma Garrido PIMENTA, Docência no ensino superior, p. 79.<br />
45 Maurice TARDIFF, Saberes <strong>docente</strong>s e formação profissional, p. 68.<br />
46 Miguel G. ARROYO, Ofício de mestre: imagens e auto-imagens, p. 33.