aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
243<br />
Nos mitos e contos de fa<strong>da</strong>s, como no sonho, a alma fala de si mesmo e<br />
os arquétipos se revelam em sua combinação natural, como formação,<br />
transformação, eterna recriação do sentido eterno. 550<br />
Assim como na psicanálise, também no processo de ressignificação e<br />
ressimbolização <strong>da</strong> <strong>práxis</strong> educativa e <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>, os mitos e os contos de fa<strong>da</strong>s<br />
são um instrumento importante do conhecimento de si mesmo e de sua relação com o outro<br />
e com a sua profissão.<br />
O conto de fa<strong>da</strong>s e o mito expressam processos inconscientes e sua<br />
narração produz sempre um revivescimento [sic] e <strong>uma</strong> recor<strong>da</strong>ção de<br />
seu conteúdo, operando, conseqüentemente, <strong>uma</strong> nova ligação entre a<br />
consciência e o inconsciente. 551<br />
Carlos Byington analisa criticamente a teoria do inconsciente coletivo e afirma que<br />
Jung reduziu os arquétipos a essa teoria. Na sua opinião, Jung “privilegiou a polari<strong>da</strong>de<br />
consciente/inconsciente na psique”, <strong>da</strong>ndo “primazia ao inconsciente” e ofuscando a<br />
“descoberta de que a imaginação é <strong>uma</strong> função arquetípica do self, que engloba o<br />
inconsciente e o consciente através <strong>da</strong> elaboração simbólica” 552 . Seguindo a reflexão de<br />
Byington, pode-se afirmar que o mito opera tanto no consciente quanto no inconsciente e<br />
que se deve ter cui<strong>da</strong>do <strong>para</strong> não proceder de modo reducionista. Nessa análise, os mitos e<br />
símbolos estruturantes são constituintes do self e integram, portanto, a totali<strong>da</strong>de do ser<br />
h<strong>uma</strong>no, operando, conseqüentemente, no consciente e no inconsciente. Essa concepção de<br />
Byington permite, dessa forma, realizar ativi<strong>da</strong>des pe<strong>da</strong>gógicas interacionais e inter-<br />
relacionais de grupos de <strong>docente</strong>s, operacionalizando <strong>uma</strong> ressignificação e<br />
ressimbolização <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>. Ao considerar os símbolos e os mitos como<br />
elementos constituintes do self, é possível realizar <strong>uma</strong> ação reflexiva e <strong>hermenêutica</strong>, pois<br />
a ativi<strong>da</strong>de não se reduz a <strong>uma</strong> análise psicanalítica.<br />
Na opinião de Byington, os arquétipos atuam igualmente tanto no nível consciente<br />
quanto no nível inconsciente, e afirma que se os “arquétipos fossem só inconscientes, seu<br />
emprego estaria forçosamente excluído <strong>da</strong> educação” 553 . Ain<strong>da</strong> segundo o seu pensamento,<br />
a perspectiva do self “protege o saber <strong>da</strong> simples erudição e o subordina à sabedoria”. O<br />
self como totali<strong>da</strong>de do ser h<strong>uma</strong>no que integra o inconsciente e o consciente manifesta e<br />
regula os processos simbólicos e míticos. Essa interpretação reforça o pensamento já<br />
550 Id., ibid., § 400.<br />
551 Carl G. JUNG, AION - estudos sobre o simbolismo do si-mesmo, § 280.<br />
552 Carlos Amadeu Botelho BYINGTON, Pe<strong>da</strong>gogia simbólica, p. 273s.<br />
553 Id., ibid., p. 274.