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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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voluntário, mas de <strong>uma</strong> ação movi<strong>da</strong> pelo desejo de mu<strong>da</strong>nça e <strong>da</strong> transformação de <strong>uma</strong><br />

situação que se torna ca<strong>da</strong> vez mais intolerável. Por isso, a ativi<strong>da</strong>de de ensino do professor<br />

deveria desenvolver a capaci<strong>da</strong>de de reflexão crítica sobre a reali<strong>da</strong>de, sobre a sua<br />

formação e sobre o seu próprio agir.<br />

O educador norte-americano Henry Giroux, representante <strong>da</strong> pe<strong>da</strong>gogia crítica, faz<br />

<strong>uma</strong> releitura crítica e criativa dos pensadores frankfurtianos 59 e propõe <strong>uma</strong> “revitalização<br />

<strong>da</strong> pe<strong>da</strong>gogia dialética” 60 , entendendo ser “imperativo que tanto professores quanto alunos<br />

sejam vistos como intelectuais transformadores” 61 e a escola seja considera<strong>da</strong> como “esfera<br />

de oposição e a pe<strong>da</strong>gogia como <strong>uma</strong> forma de política radical” 62 . Para Giroux, a categoria<br />

de “intelectual transformador” tem como objetivo básico “tornar o pe<strong>da</strong>gógico mais<br />

político e o político mais pe<strong>da</strong>gógico” 63 . Ele almeja <strong>uma</strong> pe<strong>da</strong>gogia que seja parte do<br />

instrumento de formação, de politização e de luta dos dominados.<br />

A proposta de Giroux, <strong>da</strong> formação de <strong>docente</strong>s como “intelectuais<br />

transformadores”, pressupõe <strong>uma</strong> capaci<strong>da</strong>de de reflexão crítica apura<strong>da</strong> e consistente e é<br />

<strong>uma</strong> importante contribuição <strong>para</strong> a formação continua<strong>da</strong> de professores. Consideramos<br />

fun<strong>da</strong>mental que os <strong>docente</strong>s percebam não somente como foram constituí<strong>da</strong>s e produzi<strong>da</strong>s<br />

as suas subjetivi<strong>da</strong>des e como as formas culturais e ideológicas acercam-se <strong>da</strong>s escolas e<br />

dos processos de ensino, mas também que se reconheçam como sujeitos capazes de romper<br />

as estruturas dominantes e manipuladoras e compreen<strong>da</strong>m que as escolas representam<br />

“arenas de contestação e luta entre grupos de diferente poder cultural e econômico” 64 .<br />

Acreditamos que a partir dessa consciência sobre a reali<strong>da</strong>de educacional, os <strong>docente</strong>s têm<br />

condições de operacionalizar ações educativas transformadoras tanto do sistema de ensino<br />

quanto do processo de ensino e aprendizagem.<br />

Os representantes <strong>da</strong> pe<strong>da</strong>gogia crítica não almejam somente a formação de<br />

profissionais <strong>da</strong> educação com amplas condições intelectuais e com plenas capaci<strong>da</strong>des de<br />

reflexão sobre a sua prática, mas principalmente que utilizem o seu potencial como<br />

elemento transformador <strong>da</strong>s estruturas injustas e excludentes. A reflexão sobre a prática<br />

precisa visar obrigatoriamente a <strong>uma</strong> dimensão emancipatória, participativa e comunitária<br />

e não se restringir à dimensão individual. Não é, portanto, um mero processo de<br />

59<br />

Antônio ZUIN, Bruno PUCCI, A pe<strong>da</strong>gogia radical de Henry Giroux, p. 21-30.<br />

60<br />

Id., ibid., p. 122.<br />

61<br />

Henry GIROUX, Pe<strong>da</strong>gogia crítica, política cultural e o discurso <strong>da</strong> experiência, p. 136ss.<br />

62<br />

Henry GIROUX, Escola crítica e política cultural, p. 8.<br />

63<br />

Id., ibid., p. 32.<br />

64<br />

Henry GIROUX, Teoria crítica e resistência em educação, p. 105.

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