aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
49<br />
voluntário, mas de <strong>uma</strong> ação movi<strong>da</strong> pelo desejo de mu<strong>da</strong>nça e <strong>da</strong> transformação de <strong>uma</strong><br />
situação que se torna ca<strong>da</strong> vez mais intolerável. Por isso, a ativi<strong>da</strong>de de ensino do professor<br />
deveria desenvolver a capaci<strong>da</strong>de de reflexão crítica sobre a reali<strong>da</strong>de, sobre a sua<br />
formação e sobre o seu próprio agir.<br />
O educador norte-americano Henry Giroux, representante <strong>da</strong> pe<strong>da</strong>gogia crítica, faz<br />
<strong>uma</strong> releitura crítica e criativa dos pensadores frankfurtianos 59 e propõe <strong>uma</strong> “revitalização<br />
<strong>da</strong> pe<strong>da</strong>gogia dialética” 60 , entendendo ser “imperativo que tanto professores quanto alunos<br />
sejam vistos como intelectuais transformadores” 61 e a escola seja considera<strong>da</strong> como “esfera<br />
de oposição e a pe<strong>da</strong>gogia como <strong>uma</strong> forma de política radical” 62 . Para Giroux, a categoria<br />
de “intelectual transformador” tem como objetivo básico “tornar o pe<strong>da</strong>gógico mais<br />
político e o político mais pe<strong>da</strong>gógico” 63 . Ele almeja <strong>uma</strong> pe<strong>da</strong>gogia que seja parte do<br />
instrumento de formação, de politização e de luta dos dominados.<br />
A proposta de Giroux, <strong>da</strong> formação de <strong>docente</strong>s como “intelectuais<br />
transformadores”, pressupõe <strong>uma</strong> capaci<strong>da</strong>de de reflexão crítica apura<strong>da</strong> e consistente e é<br />
<strong>uma</strong> importante contribuição <strong>para</strong> a formação continua<strong>da</strong> de professores. Consideramos<br />
fun<strong>da</strong>mental que os <strong>docente</strong>s percebam não somente como foram constituí<strong>da</strong>s e produzi<strong>da</strong>s<br />
as suas subjetivi<strong>da</strong>des e como as formas culturais e ideológicas acercam-se <strong>da</strong>s escolas e<br />
dos processos de ensino, mas também que se reconheçam como sujeitos capazes de romper<br />
as estruturas dominantes e manipuladoras e compreen<strong>da</strong>m que as escolas representam<br />
“arenas de contestação e luta entre grupos de diferente poder cultural e econômico” 64 .<br />
Acreditamos que a partir dessa consciência sobre a reali<strong>da</strong>de educacional, os <strong>docente</strong>s têm<br />
condições de operacionalizar ações educativas transformadoras tanto do sistema de ensino<br />
quanto do processo de ensino e aprendizagem.<br />
Os representantes <strong>da</strong> pe<strong>da</strong>gogia crítica não almejam somente a formação de<br />
profissionais <strong>da</strong> educação com amplas condições intelectuais e com plenas capaci<strong>da</strong>des de<br />
reflexão sobre a sua prática, mas principalmente que utilizem o seu potencial como<br />
elemento transformador <strong>da</strong>s estruturas injustas e excludentes. A reflexão sobre a prática<br />
precisa visar obrigatoriamente a <strong>uma</strong> dimensão emancipatória, participativa e comunitária<br />
e não se restringir à dimensão individual. Não é, portanto, um mero processo de<br />
59<br />
Antônio ZUIN, Bruno PUCCI, A pe<strong>da</strong>gogia radical de Henry Giroux, p. 21-30.<br />
60<br />
Id., ibid., p. 122.<br />
61<br />
Henry GIROUX, Pe<strong>da</strong>gogia crítica, política cultural e o discurso <strong>da</strong> experiência, p. 136ss.<br />
62<br />
Henry GIROUX, Escola crítica e política cultural, p. 8.<br />
63<br />
Id., ibid., p. 32.<br />
64<br />
Henry GIROUX, Teoria crítica e resistência em educação, p. 105.