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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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53<br />

Estar em formação implica um investimento pessoal, um trabalho livre e<br />

criativo sobre os percursos e os projetos próprios, com vista à construção de<br />

<strong>uma</strong> identi<strong>da</strong>de, que é também <strong>uma</strong> identi<strong>da</strong>de profissional 77 .<br />

António Nóvoa, apoiando-se em pesquisadores como Donald Schön, defende que a<br />

formação de professores deveria ser basea<strong>da</strong> no princípio que ele denomina de crítico-<br />

reflexivo 78 . Ele propõe, baseando-se em Donald Schön, a dinâmica de triplo movimento:<br />

<strong>da</strong> reflexão na ação, <strong>da</strong> reflexão sobre a ação e <strong>da</strong> reflexão sobre a reflexão na ação.<br />

Donald Schön, na sua análise, denomina o professor de prático reflexivo. 79 Essa concepção<br />

teórica é formula<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong> reflexão sobre a prática de professores que se situam diante<br />

de situações complexas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> escolar e procuram analisar a ação e a decisão do<br />

professor. A investigação de Schön procura compreender como os professores utilizam o<br />

conhecimento científico; como resolvem situações incertas e desconheci<strong>da</strong>s, como<br />

elaboram e modificam as rotinas, como experimentam novas hipóteses de trabalho, como<br />

utilizam técnicas e instrumentos conhecidos e como recriam estratégias, procedimentos e<br />

recursos. 80<br />

Selma Pimenta afirma que Donald Schön, baseando-se no pensamento de John<br />

Dewey, propõe<br />

<strong>uma</strong> formação basea<strong>da</strong> n<strong>uma</strong> epistemologia <strong>da</strong> prática ou seja, na<br />

valorização <strong>da</strong> prática profissional como momento de construção do<br />

conhecimento, através <strong>da</strong> reflexão, <strong>da</strong> análise e problematização desta, e<br />

o reconhecimento do conhecimento tácito. 81<br />

Essa formação prática não se dá, conforme o pensamento de Schön, somente no<br />

final do curso e no período do estágio, mas deveria estar presente desde o início do curso<br />

de formação de <strong>docente</strong>s. Trata-se, portanto, de <strong>uma</strong> concepção teórica <strong>da</strong> própria<br />

formação prática.<br />

A teoria do professor como prático reflexivo desenvolve <strong>uma</strong> crítica à racionali<strong>da</strong>de<br />

técnica, que “reduz a ativi<strong>da</strong>de prática à análise de meios <strong>para</strong> atingir determinados fins” 82 .<br />

Nessa concepção epistemológica <strong>da</strong> prática do professor, her<strong>da</strong><strong>da</strong> do positivismo, a<br />

ativi<strong>da</strong>de profissional é essencialmente instrumental. A formação do professor está volta<strong>da</strong>,<br />

basicamente, <strong>para</strong> a aplicação de conhecimentos e de instrumental de trabalho, sem <strong>uma</strong><br />

77<br />

Id., ibid., p. 25.<br />

78<br />

Id., ibid., p. 25.<br />

79<br />

Angel PÉREZ-GÓMEZ, O pensamento prático do professor, p. 102.<br />

80<br />

Idem.<br />

81<br />

Selma Garrido PIMENTA, Professor reflexivo: construindo <strong>uma</strong> crítica, p. 19.<br />

82<br />

Angel PÉREZ-GÓMEZ, O pensamento prático do professor, p. 96-102.

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