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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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revela que esse <strong>da</strong>do de condicionamento não foi refletido criticamente durante o seu curso<br />

de formação <strong>docente</strong>. A sua herança cultural, a sua trajetória de vi<strong>da</strong> familiar ensinou-lhe<br />

que a mulher poderia ser esposa e mãe e ain<strong>da</strong> ter o seu dinheiro pessoal e exercer <strong>uma</strong><br />

profissão. Ou seja, poderia ter <strong>uma</strong> profissão sem deixar de exercer a tarefa que <strong>da</strong>va<br />

sentido ao seu existir: a de ser esposa e mãe. Na minha experiência pessoal como <strong>docente</strong><br />

posso constatar que a reflexão sobre os condicionamentos culturais que muitas educadoras<br />

recebem, provoca conflito e às vezes instabili<strong>da</strong>de nas relações familiares. Essa reflexão<br />

implica, necessariamente, a reflexão sobre o sentido <strong>da</strong> existência, levanta a pergunta pela<br />

quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> existência e pelo sentido de ser professora.<br />

Diante dessa situação, é importante verificar o processo de ressignificação e de<br />

resgate do sentido de ser e de atuar como professora. Essa<br />

professora-estu<strong>da</strong>nte terminou o seu relato, dizendo:<br />

Outra professora-estu<strong>da</strong>nte declarou que foi induzi<strong>da</strong><br />

a fazer o vestibular juntamente com sua irmã, pois os pais não permitiriam que a irmã mais<br />

nova viajasse e eventualmente morasse sozinha n<strong>uma</strong> outra ci<strong>da</strong>de. Ela acompanhou a sua<br />

irmã meio a contragosto, mas, ao mesmo tempo, viajou com o sentimento de aproveitar a<br />

oportuni<strong>da</strong>de <strong>para</strong> passear e conhecer <strong>uma</strong> outra ci<strong>da</strong>de. Ela declarou que o desejo de<br />

passear a acompanhou durante quase todo o curso e também nos primeiros anos de atuação<br />

no magistério. Contudo, o entusiasmo e a alegria <strong>da</strong> irmã em exercer a docência, além <strong>da</strong><br />

satisfação estampa<strong>da</strong> no rosto <strong>da</strong>s crianças com as descobertas na aprendizagem, foram<br />

contagiando-a e <strong>da</strong>ndo sentido à sua ativi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>. Dessa maneira, ela foi<br />

ressignificando a sua compreensão <strong>da</strong> <strong>práxis</strong> educativa e <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>.<br />

A declaração dessas pessoas, acresci<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s afirmações de outras professoras-<br />

estu<strong>da</strong>ntes manifesta<strong>da</strong>s durante as ativi<strong>da</strong>des educativas de sala de aula do meu trabalho<br />

<strong>docente</strong>, apontam <strong>para</strong> a dimensão do condicionamento e <strong>da</strong> indução <strong>para</strong> o exercício <strong>da</strong><br />

docência vivencia<strong>da</strong> por diversas pessoas, em particular pelas mulheres. Os depoimentos<br />

também revelam que há pessoas que se inserem na ativi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong> mais por obediência à<br />

autori<strong>da</strong>de familiar do que por <strong>uma</strong> opção pessoal.<br />

Uma professora-estu<strong>da</strong>nte declarou:<br />

“Hoje sou professora<br />

e estou contente com<br />

a minha profissão.”<br />

Quando era jovem, tinha muitos sonhos <strong>para</strong> a minha carreira, mas esse<br />

de ser professora não estava incluído. Minha mãe, um dia, me falou:<br />

‘Como a tua irmã é professora e está ganhando bem e só trabalha meio<br />

dia, você também vai fazer vestibular e lecionar’. Eu disse <strong>para</strong> ela que

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