aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
214<br />
as demais pessoas. É também o espaço, onde os temores frente a mu<strong>da</strong>nças mais se<br />
manifestam e a identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong> está mais confusa do que evidente. Por outro lado,<br />
também podemos dizer que, nesse espaço <strong>da</strong>s relações h<strong>uma</strong>nas, o <strong>docente</strong> não tem<br />
consciência <strong>da</strong>s influências e <strong>da</strong>s imagens simbólicas recebi<strong>da</strong>s de outros <strong>docente</strong>s durante<br />
a sua trajetória de formação profissional e pessoal. A pessoa está mais sujeita a reproduzir<br />
inconscientemente as imagens simbólicas de seus <strong>docente</strong>s formadores e não tem clareza<br />
sobre quais foram as pessoas que deixaram nela marcas significativas.<br />
Entretanto, é no quarto quadrado – o eu desconhecido – que a comunicação através<br />
de símbolos míticos, oníricos e poéticos torna-se mais importante, pois é nele que o self irá<br />
manifestar-se e se proteger, ocultar-se e se revelar com mais veemência. E será também<br />
nesse espaço <strong>da</strong>s relações h<strong>uma</strong>nas que mais será necessário <strong>uma</strong> ação <strong>hermenêutica</strong> <strong>da</strong><br />
identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>, a ser realiza<strong>da</strong> com cautela e paciência, pois as manifestações não<br />
serão explícitas, e sim carrega<strong>da</strong>s de representações simbólicas.<br />
Nas dinâmicas de ressimbolização, as pessoas do “eu aberto – <strong>da</strong> arena” são as que<br />
melhor permitem um processo de ressignificação, pois a individuação está em pleno<br />
processo dinâmico de configuração e reconfiguração, o diálogo entre as pessoas é aberto e<br />
as narrativas <strong>da</strong> trajetória pessoal e <strong>da</strong> simbolização existencial podem ser livremente<br />
manifesta<strong>da</strong>s. Entretanto, não se pode deixar de considerar que o quadrante I somente é<br />
possível em grupos que já realizaram <strong>uma</strong> caminha<strong>da</strong> conjunta, em que já foram<br />
desenvolvi<strong>da</strong>s ações pe<strong>da</strong>gógicas comunitárias e em que já há manifestações de um self<br />
grupal. Ao mesmo tempo, pode-se constatar que o quadrante I aumenta na medi<strong>da</strong> em que<br />
diminui o quadrante III. Ou seja, quanto mais fluente e espontânea for <strong>uma</strong> narrativa <strong>da</strong><br />
trajetória pessoal, mais evidente se torna a constituição <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>.<br />
Joseph Luft afirma que o “professor poderia beneficiar-se consideravelmente, se<br />
adquirisse ca<strong>da</strong> vez mais conhecimento sobre o seu próprio comportamento no grupo” 473 .<br />
Através desse melhor autoconhecimento, o professor conheceria melhor as suas reações e<br />
motivações <strong>para</strong> ensinar e aprender, <strong>para</strong> relacionar-se, <strong>para</strong> aproximar-se e <strong>para</strong><br />
distanciar-se <strong>da</strong>s pessoas, <strong>para</strong> saber superar obstáculos pessoais, profissionais e sociais,<br />
<strong>para</strong> distinguir atitudes superficiais <strong>da</strong>s pessoas e dos grupos e discernir as dinâmicas <strong>da</strong>s<br />
relações invisíveis <strong>da</strong>s pessoas e dos grupos, <strong>para</strong> conhecer o seu próprio poder como líder<br />
e as diferentes funções de liderança. Portanto, quanto mais consciente o professor estiver<br />
473 Joseph LUFT, Introducción a la dinámica de grupos, p. 116-119.