aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
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introspeção ou retrospecção. Não é um ato, um momento de reflexão crítica, sobre algo<br />
que sensibilizou a pessoa do <strong>docente</strong>, mas <strong>uma</strong> atitude reflexiva crítica. Trata-se, em última<br />
instância, de <strong>uma</strong> questão ontológica, trata-se de <strong>uma</strong> questão de ser e não somente de <strong>uma</strong><br />
opção didática. É <strong>uma</strong> questão de toma<strong>da</strong> de consciência <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de social e do sistema<br />
institucional <strong>da</strong> prática educativa. Não é, contudo, nem <strong>uma</strong> coletivização massiva nem<br />
<strong>uma</strong> individualização isola<strong>da</strong>. Na nossa reflexão pe<strong>da</strong>gógica, defendemos a idéia de <strong>uma</strong><br />
categoria de comunitarie<strong>da</strong>de, em que tanto a reflexão sobre as concepções teóricas e sobre<br />
as ações educativas quanto a reflexão sobre a reali<strong>da</strong>de social, cultural e educacional, se<br />
realizem num processo de troca de saberes, de relações de intersubjetivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s<br />
comunicações conscientes e críticas.<br />
Na opinião de Zuin e Pucci, a proposta educacional de Giroux, “à semelhança <strong>da</strong>s<br />
teorias frankfurtianas, está no horizonte do materialismo histórico” 65 . Selma Pimenta 66<br />
concor<strong>da</strong> com a análise de José Contreras 67 , que critica Henry Giroux por não apontar<br />
como realizar a transição de técnicos reprodutores <strong>para</strong> intelectuais transformadores.<br />
Segundo José Contreras 68 e Selma Pimenta 69 , em Giroux há o perigo de não se ultrapassar<br />
o nível do discurso. Diante disso, levanta-se o questionamento se essa importante<br />
contribuição não fica reduzi<strong>da</strong> à questão do racionalismo, <strong>da</strong> intelectualização <strong>da</strong> própria<br />
prática <strong>docente</strong> e em que medi<strong>da</strong> esse processo consegue promover <strong>uma</strong> ressignificação <strong>da</strong><br />
identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>, pois não integra a reflexão sobre o “si-mesmo” e nem a relação inter e<br />
intrapessoal, porque concentra-se nas discussões sobre as questões macro-estruturais mais<br />
do que na análise sobre a construção e reconstrução <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>.<br />
Giroux:<br />
A crítica de Zuin e Pucci pode ser consubstancia<strong>da</strong> pela própria afirmação de Henry<br />
A pe<strong>da</strong>gogia é inspira<strong>da</strong> por um projeto político (...) que vincule a<br />
educação com a luta por <strong>uma</strong> vi<strong>da</strong> pública na qual o diálogo, a visão e a<br />
compaixão estejam atentos aos direitos e condições que organizam a vi<strong>da</strong><br />
pública como <strong>uma</strong> forma social democrática e não como um regime de<br />
terror e opressão. 70<br />
Giroux, portanto, defende a idéia de que educadores devam combinar <strong>uma</strong> filosofia<br />
pública democrática com <strong>uma</strong> teoria contemporânea de resistência. Giroux compreende a<br />
65<br />
Antônio ZUIN, Bruno PUCCI, A pe<strong>da</strong>gogia radical de Henry Giroux, p. 134.<br />
66<br />
Selma Garrido PIMENTA, Professor reflexivo: construindo <strong>uma</strong> crítica, p. 27.<br />
67<br />
José Domingo CONTRERAS, A autonomia de professores, p. 162.<br />
68<br />
Id., ibid., p. 158-162.<br />
69<br />
Selma Garrido PIMENTA, Professor reflexivo: construindo <strong>uma</strong> crítica, p. 27.<br />
70<br />
Henry GIROUX, O pós-modernismo e o discurso <strong>da</strong> crítica educacional, p. 66.