aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
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se reduz a <strong>uma</strong> confirmação <strong>da</strong>s idéias já anteriormente firma<strong>da</strong>s. No pensamento de<br />
Heidegger não há <strong>uma</strong> total isenção do sujeito que interpreta a “fala de alguém”, porque a<br />
pessoa já se dirige <strong>para</strong> um diálogo com alg<strong>uma</strong> idéia preconcebi<strong>da</strong>. Isto significa dizer<br />
que nenh<strong>uma</strong> pessoa inicia um diálogo n<strong>uma</strong> perspectiva de “tábua rasa” ou de “folha em<br />
branco”. Do mesmo modo, a idéia <strong>da</strong> ressignificação parte do pressuposto de que já há<br />
<strong>uma</strong> significação. Se não houvesse <strong>uma</strong> significação, <strong>uma</strong> concepção preliminar, não seria<br />
possível <strong>uma</strong> ressignificação.<br />
Ricoeur faz dessa sua reflexão <strong>uma</strong> definição de <strong>hermenêutica</strong>.<br />
A teoria <strong>da</strong> <strong>hermenêutica</strong> consiste em mediatizar esta interpretaçãoapropriação<br />
pela série dos interpretantes que pertencem ao trabalho do<br />
texto sobre si mesmo. 535<br />
13.3. Compreensão ricoeuriana de mito<br />
No processo hermenêutico, Ricoeur aponta <strong>para</strong> o círculo hermenêutico onde<br />
ocorre <strong>uma</strong> “correlação entre explicação e compreensão, e vice-versa, compreensão e<br />
explicação” 536 . Neste sentido, tanto a questão do mito quanto a do símbolo e o próprio<br />
processo hermenêutico carrega a correlação dialética entre explicação e compreensão,<br />
assim como a existência <strong>da</strong> pessoa no mundo e sobre o seu ser-no-mundo. Observando esta<br />
colocação, percebe-se que tanto a questão do mito quanto a do símbolo e o próprio<br />
processo hermenêutico carrega a correlação dialética entre explicação e compreensão e<br />
vice-versa 537 sobre si-mesmo, sobre a existência <strong>da</strong> pessoa no mundo, sobre o seu ser-no-<br />
mundo. Diante disso, no redimensionamento hermenêutico, permanece expressiva a<br />
definição de mito, <strong>da</strong><strong>da</strong> por Ricoeur:<br />
O mito é um relato tradicional referente a acontecimentos ocorridos na<br />
origem dos tempos, e destinado a estabelecer as ações rituais dos homens<br />
<strong>da</strong>queles dias, e em geral, destinado a instituir aquelas correntes de ação<br />
e de pensamento que levam o homem a compreender a si mesmo dentro<br />
de seu mundo. 538<br />
Ricoeur, em seus textos antigos e ligados à primeira fase do seu pensamento, toma<br />
o mito como um símbolo desenvolvido em forma de relato, articulado em um tempo e<br />
535 Paul RICOEUR, Del texto a la acción, p. 147; ID., Do texto à ação, p. 161.<br />
536 Paul RICOEUR, Del texto a la acción, p. 195; ID., Do texto à ação, p. 212.<br />
537 Paul RICOEUR, Del texto a la acción, p. 195; ID., Do texto à ação, p. 211.<br />
538 Paul RICOEUR, La simbólica del mal, p. 169.