aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
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97<br />
acordo com a consciência individual na qual se manifesta 228 . Os arquétipos são formas na<br />
psique que estão presentes em todo lugar e em todo o tempo. Eles são ativados 229 quando<br />
ocorre algo na vi<strong>da</strong> que corresponde a um arquétipo. Os arquétipos interferem no processo<br />
de formação dos conteúdos conscientes, regulando-os, modificando-os e motivando-os. A<br />
manifestação do arquétipo está, portanto, diretamente correlaciona<strong>da</strong> com situações<br />
existenciais <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> pessoa. Dependendo do fato existencial, a manifestação pode<br />
redun<strong>da</strong>r num processo narrativo de equilibração.<br />
Há um mal-entendido de que os arquétipos são <strong>uma</strong> espécie de “idéias”<br />
inconscientes. O que é her<strong>da</strong>do são as formas e não as idéias, ou seja, a forma simbólica ou<br />
mítica, ou seja, a sua estrutura.<br />
Uma imagem primordial só pode ser determina<strong>da</strong> quanto ao seu<br />
conteúdo, no caso de tornar-se consciente e preenchi<strong>da</strong> com o material <strong>da</strong><br />
experiência consciente. 230<br />
Os arquétipos pertencem ao inconsciente coletivo, pois são expressões universais e<br />
não estão presas a <strong>uma</strong> cultura, a <strong>uma</strong> ideologia, a <strong>uma</strong> historiografia pessoal. Eles não<br />
dependem <strong>da</strong> experiência pessoal de alguém, mas, tem, com esta, <strong>uma</strong> correlação direta.<br />
Ou seja, determinados arquétipos ou mitos fazem sentido <strong>para</strong> alg<strong>uma</strong>s pessoas, n<strong>uma</strong><br />
relação direta com a situação, o contexto e a vivência particular e comunitária de alguém.<br />
Há, portanto, <strong>uma</strong> relação entre o arquétipo e o consciente pessoal.<br />
Ao segmento arbitrário <strong>da</strong> psique coletiva Jung dá o nome de persona.<br />
Originariamente, a palavra persona designava a máscara usa<strong>da</strong> pelo ator, significando o<br />
papel que ia desempenhar. O processo de manifestação <strong>da</strong> psique coletiva, a máscara,<br />
“aparenta <strong>uma</strong> individuali<strong>da</strong>de, procurando convencer aos outros e a si mesma de que é<br />
<strong>uma</strong> individuali<strong>da</strong>de” 231 , quando na reali<strong>da</strong>de não passa de um papel. A persona “não tem<br />
na<strong>da</strong> de real; ela representa um compromisso entre o indivíduo e a socie<strong>da</strong>de” 232 acerca<br />
<strong>da</strong>quilo que alguém parece ser: nome, título, ocupação.<br />
No contexto profissional <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>, a persona manifesta-se muitas vezes<br />
com bastante nitidez. Podemos perceber a diferença de comportamento e de<br />
relacionamento interpessoal quando <strong>docente</strong>s, que atuavam na sala de aula, assumem,<br />
227<br />
Carl Gustav JUNG, O eu e o inconsciente, § 220; ID., Os arquétipos e o inconsciente, § 90.<br />
228<br />
Id., ibid., § 6.<br />
229<br />
Id., ibid., § 99.<br />
230<br />
Carl Gustav JUNG, Os arquétipos e o inconsciente, § 155.<br />
231<br />
Carl Gustav JUNG, O eu e o inconsciente, § 245.<br />
232 Id., ibid., § 246.