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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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baú aberto e que, por outro lado, as pessoas também precisam de momentos de<br />

recolhimento, de ficarem num “casulo”. Poderíamos dizer metaforicamente que<br />

precisamos viver momentos <strong>para</strong> nos “casular”, <strong>para</strong> que possa surgir <strong>uma</strong> bela<br />

“borboleta”; que precisamos viver momentos de “outono”, em que as folhas caem, a<br />

vegetação parece estar seca, mas as raízes aproveitam a “bonança” <strong>para</strong> penetrar mais<br />

fundo na terra, firmando-se no solo firme e buscando alimentos mais profundos. São<br />

momentos onde podem ocorrer processos de ressignificação e ressimbolização no<br />

inconsciente, de reorganização dos símbolos fun<strong>da</strong>ntes e <strong>da</strong>s experiências marcantes. Eles<br />

não devem ser vistos como momentos de melancolia ou depressão, mas de recolhimento<br />

ressignificante. É um momento de apropriar-se de si mesmo.<br />

Assim como há o “outono”, também há metaforicamente momentos de<br />

“primavera”, em que a própria vi<strong>da</strong> floresce, em que há brilho e colorido, em que a vi<strong>da</strong><br />

brota e as coisas mais ocultas de repente aparecem, sem que percebamos nem saibamos<br />

donde elas surgem.<br />

Jung afirma:<br />

É impossível chegar a <strong>uma</strong> consciência aproxima<strong>da</strong> do si-mesmo, porque<br />

por mais que ampliemos nosso campo de consciência, sempre haverá<br />

<strong>uma</strong> quanti<strong>da</strong>de indetermina<strong>da</strong> e indeterminável de material inconsciente,<br />

que pertence à totali<strong>da</strong>de do si-mesmo. 466<br />

Por mais que se faça os movimentos de abrir e fechar ou de deixar completamente<br />

aberto o baú, sempre haverá um espaço oculto e algo ficará escondido. Sempre haverá<br />

alg<strong>uma</strong> sombra, um “cantinho escuro”. Se o inconsciente se tornasse totalmente conhecido,<br />

ele deixaria de ser inconsciente e o consciente o abrigaria completamente. Se fosse<br />

possível esse nível de integração e transparência, o inconsciente se tornaria extremamente<br />

frágil. Jung afirma que essa assimilação deveria ser “considera<strong>da</strong> <strong>uma</strong> catástrofe<br />

psíquica” 467 . O si-mesmo, que é o conjunto do inconsciente e do consciente, o self, sempre<br />

será <strong>uma</strong> grandeza que ultrapassa, transcende a nossa própria capaci<strong>da</strong>de de compreensão e<br />

de mensuramento.<br />

O si-mesmo, na perspectiva <strong>da</strong> expressão <strong>da</strong> personali<strong>da</strong>de, é <strong>uma</strong> categoria<br />

dinâmica, pois sempre está se configurando e reconfigurando com novas interações e<br />

intervenções. Apesar dos traços dos tipos psicológicos permanecerem os mesmos e <strong>da</strong><br />

manutenção dialética <strong>da</strong> ipsei<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> mesmi<strong>da</strong>de, n<br />

466 Carl Gustav JUNG, O eu e o inconsciente, § 274.<br />

467 Carl Gustav JUNG, AION - estudos sobre o simbolismo do si-mesmo, § 45.

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