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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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A formação de <strong>docente</strong>s basea<strong>da</strong> na racionali<strong>da</strong>de técnica proporciona <strong>uma</strong><br />

construção epistemológica <strong>da</strong> prática <strong>docente</strong> que leva a <strong>uma</strong> desvalorização do saber e <strong>da</strong><br />

reflexão crítica. Nas ativi<strong>da</strong>des como <strong>docente</strong> nas salas de aula <strong>da</strong> formação continua<strong>da</strong>,<br />

segui<strong>da</strong>mente nos confrontamos com a “preguiça” em ler textos reflexivos com a<br />

reclamação sobre a “dificul<strong>da</strong>de” do texto ou com o murmúrio de que a “linguagem” está<br />

fora <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de. Não se devem classificar essas manifestações simplesmente como má<br />

vontade do professor-estu<strong>da</strong>nte, mas como decorrência de <strong>uma</strong> estrutura mental, de <strong>uma</strong><br />

construção epistemológica alicerça<strong>da</strong> nas questões pragmáticas e cotidianas, e não n<strong>uma</strong><br />

reflexão que transcende o seu micro e minicontexto, pois a sua ação <strong>docente</strong> se restringe à<br />

atuação cotidiana em sala de aula. Portanto, não é somente um exercício de “minar” as<br />

resistências e dificul<strong>da</strong>des pessoais ou adequar os textos ao nível de reflexão <strong>da</strong> pessoa,<br />

mas de proporcionar <strong>uma</strong> reconstrução epistemológica do processo de elaboração do<br />

pensamento, do esquema mental de reflexão.<br />

A idéia básica, expressa nos artigos de Donald Schön e Kenneth Zeichner 90 , é a de<br />

que o professor tenha condições de desenvolver a capaci<strong>da</strong>de reflexiva de pensar sobre a<br />

sua própria prática. 91 A reflexão sobre a prática não está revesti<strong>da</strong> de <strong>uma</strong> espontanei<strong>da</strong>de<br />

de refletir. Ela é um processo de aprendizagem. Para isso, é necessário, na compreensão de<br />

Libâneo, haver <strong>uma</strong> intencionali<strong>da</strong>de e um papel ativo por parte de <strong>docente</strong>s dos cursos de<br />

formação de professores. Essa intencionali<strong>da</strong>de deve estar imbuí<strong>da</strong> do reconhecimento de<br />

que o próprio professor elabora na sua prática <strong>uma</strong> teoria, nem sempre sistematiza<strong>da</strong>, sobre<br />

a prática pe<strong>da</strong>gógica. Kenneth Zeichner, por sua vez, faz <strong>uma</strong> análise crítica <strong>da</strong> intenção de<br />

emancipação que consta na noção de professor enquanto prático reflexivo.<br />

Kemmis 92 , associando-se à reflexão sobre o professor como prático reflexivo,<br />

aponta que o processo de reflexão: a) não é determinado biológica ou psicologicamente,<br />

mas expressa <strong>uma</strong> orientação <strong>para</strong> a ação e refere-se às relações entre pensamento e ação;<br />

b) não é <strong>uma</strong> forma individualista de pensar, mas pressupõe e prefigura relações sociais; c)<br />

expressa e serve a interesses h<strong>uma</strong>nos, políticos, culturais e sociais; d) reproduz ou<br />

transforma ativamente as práticas ideológicas; e) é <strong>uma</strong> prática que exprime o nosso poder<br />

<strong>para</strong> reconstruir a vi<strong>da</strong> social, ao participar na comuni<strong>da</strong>de, na toma<strong>da</strong> de decisões e na<br />

ação social. A reflexão é um “conhecimento contaminado pelas contingências que rodeiam<br />

90 A principal obra de referência de Kenneth Zeichner é o livro A formação reflexiva de<br />

professores: idéias e práticas, Educa, 1993. A de Donald Schön é La formación de<br />

professionales reflexivos, Paidós, 1992.<br />

91 José Carlos LIBÂNEO, Reflexivi<strong>da</strong>de e formação de professores, p. 65.<br />

92 Apud Angel PÉREZ-GÓMEZ, O pensamento prático do professor, p. 103.

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