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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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Além disso, há o questionamento sobre a viabili<strong>da</strong>de e eficácia <strong>da</strong> reflexão na ação. No<br />

decurso do processo educativo, <strong>da</strong> ação direta do professor com os alunos, o professor tem<br />

tempo <strong>para</strong> reações e improvisos rápidos mais do que <strong>para</strong> alterações consistentes <strong>da</strong> sua<br />

prática. Dessa forma, as alterações são antes modificações e alternativas de <strong>uma</strong> mesma<br />

concepção de <strong>práxis</strong> do que <strong>uma</strong> transformação dos fun<strong>da</strong>mentos metodológicos e <strong>da</strong><br />

essência educativa. Acreditamos que é necessário haver certo distanciamento <strong>para</strong> se<br />

perceber os efeitos reais <strong>da</strong> sua ação educativa e <strong>para</strong>, então, transformar substancialmente<br />

a própria prática. É difícil ter <strong>uma</strong> visão clara e ampla no exato momento <strong>da</strong> articulação <strong>da</strong><br />

aprendizagem, do processo real de construção do conhecimento e <strong>da</strong> interação do aluno<br />

com o objeto de ensino. Partilhamos a concepção de que é necessário haver um tempo<br />

propício <strong>para</strong> a sedimentação e <strong>para</strong> assimilação-acomo<strong>da</strong>ção dos saberes. Esse tempo<br />

também é fun<strong>da</strong>mental <strong>para</strong> que o educador consiga conhecer o próprio grupo de<br />

estu<strong>da</strong>ntes e ele próprio compreender a si próprio como educador do grupo de estu<strong>da</strong>ntes.<br />

É necessário um tempo <strong>para</strong> que o educador tome consciência <strong>da</strong>s implicações <strong>da</strong> sua<br />

proposta educativa. Há o perigo <strong>da</strong> reflexão na ação tornar-se, apesar <strong>da</strong> sua importância,<br />

mais intuitiva e de perceptiva, do que de análise consciente. Além disso, o<br />

comprometimento pessoal com a ação durante a ação também dificulta a reflexão na ação.<br />

Por isso, é fun<strong>da</strong>mental a constituição e a realização de <strong>uma</strong> comuni<strong>da</strong>de reflexiva na<br />

escola, que ajude a pensar e repensar a prática e a concepção teórica.<br />

Isabel Alarcão afirma que o processo de reflexão na e sobre a ação não é <strong>uma</strong><br />

questão técnica, mas sim de construção <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de do professor: “Estou a descobrir-me<br />

e a conhecer-me a mim próprio como professora e a conhecer as condições em que exerço<br />

a minha profissão <strong>para</strong> poder assumir-me como profissional de ensino” 98 . Significa que<br />

podemos afirmar que a análise sobre a <strong>práxis</strong> educativa não deve se restringir à reflexão na<br />

e sobre prática, mas integrar obrigatoriamente a reflexão sobre si mesmo enquanto sujeito<br />

que age nessa prática. Refletir sobre a subjetivi<strong>da</strong>de que está por detrás <strong>da</strong> ação concreta <strong>da</strong><br />

prática. Refletir sobre o sujeito que está por detrás <strong>da</strong> ação educativa concreta e sobre o<br />

fato de essa pessoa ter <strong>uma</strong> história de vi<strong>da</strong> e de formação profissional.<br />

O educador crítico e reflexivo desenvolve <strong>uma</strong> reflexão sobre a sua prática que<br />

integra <strong>uma</strong> auto-análise tanto do seu pensar quanto do seu agir, tanto do seu saber-fazer<br />

quanto o saber-ser. José Libâneo, retomando o significado etimológico <strong>da</strong> palavra reflexão,<br />

utiliza o termo reflexivi<strong>da</strong>de <strong>para</strong> “designar a capaci<strong>da</strong>de racional de indivíduos e grupos<br />

98 Isabel ALARCÃO, Ser professor reflexivo, p. 182.

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