aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente
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relação direta com alg<strong>uma</strong> situação, com algum tempo de elaboração e vivência simbólica<br />
e mítica, e perdura pelo espaço de tempo necessário <strong>para</strong> a sua elaboração. No momento<br />
em que o símbolo e o mito efetuaram a sua elaboração terapêutica ou de reequilibração do<br />
consciente, ele passa <strong>para</strong> segundo plano. O mesmo símbolo ou mito pode retornar noutro<br />
momento através de <strong>uma</strong> reconfiguração.<br />
Jung afirma que o símbolo “projeta <strong>para</strong> fora de si, <strong>para</strong> um significado<br />
obscuramente pressentido” 205 . Prender o olhar no símbolo propriamente dito, fixar-se na<br />
imagem, na metáfora, significa desviar-se do sentido que ele pretende apontar. O símbolo<br />
aponta em direção à pergunta sobre o sentido, à busca do seu significado. Quando a pessoa<br />
se coloca nesse processo, coloca-se a caminho, n<strong>uma</strong> postura aberta, não buscando a<br />
uniformi<strong>da</strong>de de significação; ela desenvolve, então, <strong>uma</strong> atitude simbolizadora.<br />
Simbolizar significa procurar descobrir o sentido oculto na situação concreta. 206<br />
Ressimbolizar significa, portanto, buscar redescobrir o sentido oculto naquilo que alg<strong>uma</strong><br />
vezes já estava desvelado, ou fazer voltar à superfície aquilo que já estava, em algum<br />
momento, no consciente. Ressimbolizar significa, num outro aspecto, recuperar o que do<br />
consciente transferiu-se ao inconsciente e que, de <strong>uma</strong> maneira ou de outra, permanece se<br />
manifestando de <strong>uma</strong> forma simbólica incompreensível. Nesse sentido, podemos afirmar<br />
que desenvolver, em sala de aula, ativi<strong>da</strong>des educativas em cursos de formação continua<strong>da</strong><br />
sobre a formação <strong>docente</strong> significa evocar as imagens e a própria trajetória <strong>da</strong><br />
profissionali<strong>da</strong>de e proporcionar <strong>uma</strong> ressimbolização dos símbolos fun<strong>da</strong>ntes presentes no<br />
inconsciente pessoal.<br />
Verena Kast, interpretando Jung, aponta que o<br />
caminho do processo de li<strong>da</strong>r com os complexos não pode ser nem o de<br />
defesa nem o de controle; trata-se de permitir que os complexos se<br />
desdobrem em fantasias, de vê-los e compreendê-los em padrões de<br />
relacionamentos e então incorporá-los ao consciente por meio do trabalho<br />
com o símbolo. 207<br />
Os complexos são definidos como “grandezas psíquicas que escapam ao controle<br />
do consciente” 208 . E o fato de os complexos desdobrarem-se em fantasias nos oferece a<br />
possibili<strong>da</strong>de de convertê-los de forças inibidoras em forças promovedoras. Há, contudo,<br />
complexos que inibem mais e outros que promovem mais a vi<strong>da</strong>. Jung afirma que “só é<br />
205<br />
Carl Gustav JUNG, A natureza <strong>da</strong> psique, § 644.<br />
206<br />
Verena KAST, A dinâmica dos símbolos, p. 23s.<br />
207<br />
Id., ibid., p. 47.<br />
208<br />
Carl Gustav JUNG, Tipos psicológicos, § 988.