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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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persona. É fun<strong>da</strong>mental que possa ocorrer esse discernimento interpretativo. Contudo, essa<br />

descoberta não se dá n<strong>uma</strong> primeira manifestação e nem n<strong>uma</strong> primeira narração <strong>da</strong><br />

trajetória pessoal. É necessário ocorrer <strong>uma</strong> maior inter-relação pessoal e grupal.<br />

Os objetos simbólicos que estão no fundo do baú possuem um movimento dinâmico<br />

e se deslocam conforme o movimento <strong>da</strong>s pessoas que se aproximam do baú. Isso significa<br />

que as pessoas protegem inconscientemente, n<strong>uma</strong> dimensão de auto-regulação, os<br />

conteúdos do baú. Dependendo do nível <strong>da</strong>s relações pessoais, essa proteção pode se <strong>da</strong>r de<br />

forma consciente ou inconsciente. A proteção consciente se dá quando não se conhece ou<br />

quando se conhece determina<strong>da</strong>s características <strong>da</strong> pessoa que se aproxima. O acesso livre<br />

e transparente ao conteúdo do baú só se dá n<strong>uma</strong> relação de confiança e de conquista<br />

gradual dessa confiança.<br />

O dinamismo <strong>da</strong> figura simbólica e do seu processo relacional fica evidente na<br />

dinâmica experiencial do movimento de abrir e fechar o baú. Na dinâmica realiza<strong>da</strong> na<br />

escola catarinense, a narrativa sobre a compreensão <strong>da</strong> atuação <strong>docente</strong> não era mais de<br />

<strong>uma</strong> única pessoa, mas se transformou na compreensão do grupo de professoras, do self<br />

grupal. O grupo foi se identificando com a imagem simbólica e se apropriando de <strong>uma</strong><br />

compreensão, proporciona<strong>da</strong> pelo processo dialógico <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de grupal. Durante o<br />

diálogo entre as pessoas que participavam do seminário de formação continua<strong>da</strong> dessa<br />

escola, surgiram expressões como: “dependendo com quem eu trabalho e planejo os meus<br />

projetos educativos na escola, eu abro, fecho ou deixo entreaberto o baú que contém o meu<br />

pensamento, a minha forma de trabalhar, as minhas convicções educativas”. Estas e outras<br />

expressões revelam que os movimentos de abrir e fechar o baú estão diretamente<br />

relacionados com a confiança, com a auto-estima e com o sentimento de receptivi<strong>da</strong>de e<br />

acolhimento, de aceitação mútua e de auto-aceitação.<br />

Uma outra pessoa manifestou durante o diálogo de grupo que analisava o desenho<br />

do baú, o seguinte pensamento: “nem sempre convém abrir o baú <strong>da</strong> nossa vi<strong>da</strong> e revelar às<br />

pessoas o que ele contém. (...) A gente se torna transparente e revela, às vezes, o que não<br />

convém”. Esta manifestação revela <strong>uma</strong> atitude e um sentimento de proteção nos<br />

movimentos de abrir e fechar o baú, pois ela não sabe como as pessoas utilizarão o que<br />

seria dito.<br />

Nesses movimentos de abrir e fechar do baú, ocorre um processo dinâmico de<br />

duplo sentido, o de revelar-se e o de ocultar-se. Ou seja, a dinamici<strong>da</strong>de desse movimento<br />

462 Id., ibid., § 269.

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