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aportes para uma hermenêutica da identidade e da práxis docente

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consciência <strong>da</strong> sua trajetória de formação profissional na relação direta com a formação de<br />

outros <strong>docente</strong>s. O teólogo e pe<strong>da</strong>gogo Roberto Daunis, apropriando-se <strong>da</strong> concepção de<br />

Ricoeur, afirma que “identi<strong>da</strong>de pressupõe autoconhecimento, capaci<strong>da</strong>de de perceber-se e<br />

de tornar-se consciente de si mesmo” 418 . Esse processo de identificação <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de se dá<br />

especialmente através do processo narrativo, porque ao narrar, a pessoa elabora um duplo<br />

caminho, o de <strong>uma</strong> perspectiva retrospectiva e prescritiva. Ou seja, a ressignificação <strong>da</strong><br />

identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong> se elabora na dupla dimensão <strong>da</strong> retrospecção e <strong>da</strong> prospecção.<br />

Paul Ricoeur aponta <strong>para</strong> os traços marcantes <strong>da</strong> sua teoria narrativa, destacando<br />

que ela “faz a mediação entre a descrição e a prescrição” 419 na construção <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de<br />

pessoal. Esta se faz essencialmente através <strong>da</strong> narrativa <strong>da</strong> trajetória pessoal e profissional,<br />

consubstancia<strong>da</strong> por <strong>uma</strong> reflexão crítica. Nessa perspectiva, Ricoeur afirma que a tarefa<br />

do hermeneuta na teoria <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de narrativa é<br />

pôr em equilíbrio os traços imutáveis que esta deve à ancoragem <strong>da</strong><br />

história de <strong>uma</strong> vi<strong>da</strong> num caráter e os que tendem a dissociar a identi<strong>da</strong>de<br />

do si <strong>da</strong> mesmi<strong>da</strong>de do caráter. 420<br />

O processo de ressignificação <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong> não pode se limitar à reflexão<br />

crítica e nem à narração <strong>da</strong> história pessoal. O processo narrativo tem a intenção de aju<strong>da</strong>r<br />

a pessoa do <strong>docente</strong> a conhecer-se melhor <strong>para</strong> “prescrever” a dimensão de identi<strong>da</strong>de<br />

pessoal e profissional mais consciente e autônoma. Diante disso, adotamos na nossa<br />

pesquisa o princípio teórico <strong>da</strong> teoria narrativa, formulado por Paul Ricoeur, que visa a<br />

auxiliar as pessoas a narrarem a sua própria história. A significação e ressignificação <strong>da</strong><br />

identi<strong>da</strong>de <strong>docente</strong>, na dimensão <strong>da</strong> teoria narrativa integram a relação dialética entre a<br />

mesmi<strong>da</strong>de, ipsei<strong>da</strong>de e alteri<strong>da</strong>de. A nossa intenção é conhecer processos de formação<br />

<strong>docente</strong> que não se restrinjam às questões cognitivas, que são fun<strong>da</strong>mentais, mas também<br />

avaliar processos que considerem outras dimensões do processo de autoconhecimento.<br />

418 Id., ibid., p. 101.<br />

419 Paul RICOEUR, O si-mesmo com um outro, p. 139.<br />

420 Id., ibid., p. 148.

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