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REGULAÇÃO - Tribunal de Contas da União

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<strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>da</strong> União<br />

<strong>de</strong>sses trabalhos, é possível avaliar o impacto dos ganhos <strong>de</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> sobre as<br />

relações <strong>de</strong> trabalho nos setores privatizados, bem como avaliar qualitativamente outros<br />

efeitos <strong>da</strong> privatização no País.<br />

Pinheiro e Giambiagi (1997) apresentam os principais argumentos técnicos para<br />

justificar a importância <strong>de</strong> implementar um processo amplo <strong>de</strong> privatização. A avaliação<br />

<strong>da</strong> situação <strong>da</strong>s empresas no período pré-privatização <strong>de</strong>monstra a baixa rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

e capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> divi<strong>de</strong>ndos ao Tesouro: ao longo do período 1981-94, as<br />

empresas estatais apresentaram retornos médios negativos sobre o patrimônio líquido <strong>de</strong><br />

2,5%; entre 1988 e 1994, período em que havia <strong>da</strong>dos disponíveis, a distribuição <strong>de</strong><br />

divi<strong>de</strong>ndos representou apenas 0,4% do capital próprio (equity) <strong>da</strong>s estatais fe<strong>de</strong>rais.<br />

Comparando o baixo retorno <strong>de</strong>stas empresas em relação ao custo <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong><br />

pública, seria mais racional do ponto <strong>de</strong> vista do bem-estar global <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira<br />

empreen<strong>de</strong>r uma reciclagem <strong>de</strong> ativos: transferir o controle acionário <strong>da</strong>s estatais para a<br />

iniciativa priva<strong>da</strong> e utilizar os resultados <strong>da</strong> privatização para abater o principal <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong>.<br />

Entre as causas do baixo <strong>de</strong>sempenho <strong>da</strong>s empresas estatais, Macedo (2000)<br />

aponta o fato <strong>de</strong>stas pagarem salários significativamente mais elevados do que a iniciativa<br />

priva<strong>da</strong>. Ao comparar salários entre as estatais e empresas priva<strong>da</strong>s <strong>de</strong> tamanhos<br />

semelhantes, controlando para as diferenças em educação, i<strong>da</strong><strong>de</strong>, sexo, e experiência, o<br />

autor encontra diferenças significativas, que chegavam a ser 80% maiores nas estatais, em<br />

alguns casos.<br />

402<br />

EFEITOS FISCAIS<br />

Apesar <strong>de</strong> ter sido amplamente anunciado que a privatização seria um dos meios<br />

para obter-se o ajuste fiscal duradouro, na prática seus efeitos em termos <strong>de</strong> redução <strong>de</strong><br />

dívi<strong>da</strong>s e alívio para <strong>de</strong>scomprimir gastos sociais não foram observados. Macedo (2000),<br />

argumenta que a privatização gerou “custos macroeconômicos”, na medi<strong>da</strong> em que as<br />

receitas <strong>de</strong>la advin<strong>da</strong>s – ao orçamento governamental e ao balanço <strong>de</strong> pagamentos via<br />

investimentos diretos estrangeiros – permitiram o adiamento <strong>de</strong> um ajuste fiscal genuíno e<br />

a necessária <strong>de</strong>svalorização do Real. Tanto que a dívi<strong>da</strong> líqui<strong>da</strong> expressa como percentual<br />

do PIB, após cair entre 1990 e 1994, voltou a crescer vigorosamente com a estabilização<br />

<strong>da</strong> economia.<br />

O autor argumenta que a “<strong>de</strong>fesa” do Real, cujo principal instrumento foi a<br />

manutenção <strong>de</strong> patamares elevados <strong>de</strong> juros, agravou seriamente os déficits fiscais, o<br />

processo <strong>de</strong> aumento <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> e o <strong>de</strong>sequilíbrio externo do País. Além disso, o processo<br />

<strong>de</strong> aprovação <strong>da</strong> emen<strong>da</strong> constitucional para permitir a reeleição do então Presi<strong>de</strong>nte<br />

Cardoso <strong>de</strong>mandou um forte esquema <strong>de</strong> barganhas políticas e orçamentárias para sua<br />

aprovação, contribuindo <strong>de</strong>cisivamente para o agravamento do cenário macroecômico<br />

em 1997.<br />

Devido às leis corporativas aprova<strong>da</strong>s em meados dos anos 90, como preparação<br />

para o processo <strong>de</strong> privatização, foi possível transformar o ágio pago em operações <strong>de</strong><br />

fusão e aquisição <strong>de</strong> empresas em crédito tributário. Assim, parte do valor total arreca<strong>da</strong>do<br />

com a ven<strong>da</strong> <strong>da</strong>s empresas não foi na<strong>da</strong> mais do que antecipação <strong>de</strong> impostos.<br />

O crescimento <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> pública entre 1997 e 1998, aproxima<strong>da</strong>mente U$ 65 bilhões<br />

em valores <strong>da</strong> época, representa praticamente ¾ do total do resultado <strong>da</strong> privatização no<br />

Brasil, segundo Macedo (2000). Consi<strong>de</strong>rando o crescimento <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> <strong>de</strong> um patamar

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