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REGULAÇÃO - Tribunal de Contas da União

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<strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>da</strong> União<br />

ser tão severos que os atores <strong>de</strong>sistem <strong>da</strong> relação e os ganhos <strong>de</strong> <strong>de</strong>legação não são<br />

realizados. Isto representa uma gran<strong>de</strong> per<strong>da</strong> para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, que <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> realizar<br />

diversas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />

Tendo em vista que o Estado permanece optando por se engajar nestas relações,<br />

porque não seria concebível que os representantes eleitos <strong>da</strong> população realizassem<br />

diretamente to<strong>da</strong>s as políticas prometi<strong>da</strong>s no processo eleitoral, é possível que os<br />

problemas tenham sido, ao menos, parcialmente, contornados através <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nças nas<br />

relações <strong>de</strong> <strong>de</strong>legação.<br />

No âmbito estatal, mais especificamente na realização <strong>de</strong> políticas públicas,<br />

como a regulação e a <strong>de</strong>fesa <strong>da</strong> concorrência, há uma intrinca<strong>da</strong> teia <strong>de</strong> relações com<br />

tais características do mo<strong>de</strong>lo principal-agente. Com efeito, é <strong>de</strong> se esperar, que além<br />

dos ganhos <strong>de</strong> <strong>de</strong>legação envolvidos nestas relações, existam também os problemas<br />

próprios <strong>de</strong>ssa relação – assimetria <strong>de</strong> informações, incentivos à não cooperação e ao<br />

comportamento oportunista – o que contribui para que as tarefas <strong>de</strong>lega<strong>da</strong>s não se<br />

realizem <strong>da</strong> forma planeja<strong>da</strong> e <strong>de</strong>seja<strong>da</strong> pelos políticos. Mesmo assim, espera-se que a<br />

<strong>de</strong>legação seja ain<strong>da</strong> mais vantajosa para as partes, permitindo que os políticos cui<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong> questões in<strong>de</strong>legáveis e que haja ganhos <strong>de</strong> especialização com a ação do agente.<br />

No entanto, os políticos incorrem no risco <strong>de</strong> que o agente se aproveite <strong>da</strong> assimetria<br />

<strong>de</strong> informação para perseguir políticas do seu interesse e não aquelas intenciona<strong>da</strong>s pelos<br />

políticos. O agente que atua na <strong>de</strong>fesa <strong>da</strong> concorrência passa, assim, a maximizar seus<br />

próprios interesses, cultivando objetivos relacionados com a carreira e po<strong>de</strong>r na agência.<br />

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Desta forma, fica claro que os objetivos dos membros do setor público são apenas<br />

parcialmente coinci<strong>de</strong>ntes, já que, ao perseguir seus objetivos próprios, o agente po<strong>de</strong>rá<br />

estar levando para o principal uma parcela menor <strong>de</strong> vantagens. Por conseguinte, grupos<br />

<strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> responsáveis pela eleição dos políticos po<strong>de</strong>m ter interesses contrariados<br />

pelo oportunismo do agente, o que, inequivocamente, <strong>de</strong>sagra<strong>da</strong>rá os interesses eleitorais<br />

dos políticos. Como salvaguar<strong>da</strong>, uma <strong>da</strong>s soluções encontra<strong>da</strong>s pelos políticos consiste<br />

em manipular o <strong>de</strong>senho <strong>da</strong> agência, <strong>de</strong> modo a tornar mais difícil ao regulador agir<br />

oportunisticamente.<br />

Assim, a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> é forma<strong>da</strong> por grupos <strong>de</strong> interesse que <strong>de</strong>man<strong>da</strong>m regulação. Para<br />

análise <strong>da</strong> universalização, por exemplo, po<strong>de</strong>-se i<strong>de</strong>ntificar que existem grupos <strong>de</strong> interesse<br />

relacionados com a política <strong>da</strong> universalização que <strong>de</strong>man<strong>da</strong>m a realização <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong><br />

regulação. Estes grupos, na mesma linha <strong>de</strong> raciocínio, vão exercer pressão política, porque<br />

vão <strong>de</strong>man<strong>da</strong>r um <strong>de</strong>senho <strong>da</strong> Anatel que mais se compatibilize com seus interesses.<br />

A Burocracia Estatal<br />

Muito antes do tratamento que a TPPR vem <strong>da</strong>ndo à burocracia como grupo <strong>de</strong><br />

interesse, surge com Weber (1963) a caracterização <strong>da</strong> burocracia como um dos traços<br />

distintivos <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas, em que a proliferação <strong>de</strong> setores requer formas<br />

complexas <strong>de</strong> organização. A burocracia já foi i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong> em diversas etapas <strong>da</strong> história<br />

mo<strong>de</strong>rna, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a burocracia patrimonialista, ou servil estu<strong>da</strong><strong>da</strong> por Faoro (1985) até a<br />

burocracia mo<strong>de</strong>rna atualmente concebi<strong>da</strong> e legitima<strong>da</strong> pelo tecnicismo.<br />

Aplicando-se ao Estado Brasileiro no período atual, fica evi<strong>de</strong>nte a importância <strong>da</strong><br />

burocracia como instrumento <strong>de</strong> organização racional <strong>da</strong> administração pública. Partindo

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