09.03.2014 Views

REGULAÇÃO - Tribunal de Contas da União

REGULAÇÃO - Tribunal de Contas da União

REGULAÇÃO - Tribunal de Contas da União

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>de</strong> 30% do PIB em 1994 para quase 50% em 1999, o autor conclui que a contribuição do<br />

programa como um todo para o ajuste <strong>da</strong>s finanças públicas foi perdi<strong>da</strong>, uma vez que o<br />

quadro foi seriamente agravado pelos déficits crescentes e pelo aumento <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong>.<br />

O autor apresenta o contra-argumento <strong>de</strong> que sem a privatização, a crise po<strong>de</strong>ria<br />

ter sido pior, para refutá-lo em segui<strong>da</strong>: o processo representou, <strong>de</strong> alguma maneira, um<br />

alívio na severa restrição fiscal verifica<strong>da</strong>, permitindo ao governo expandir seus gastos,<br />

inclusive com juros <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong>. O comportamento apresentado foi a<strong>de</strong>rente ao conceito<br />

<strong>de</strong> Kornai, <strong>de</strong> leves restrições orçamentárias, típico <strong>de</strong> governos centralizados cujos<br />

orçamentos são apenas vagamente monitorados ou controlados pelo Congresso Nacional<br />

e pela socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Sem a privatização, a restrição fiscal imposta pelos mercados financeiros<br />

teria sido alcança<strong>da</strong> antes, uma vez que os recursos <strong>da</strong> privatização não existiriam para<br />

permitir arcar com os juros, mas isso não significa que a crise seria mais grave. A redução<br />

na participação <strong>da</strong>s empresas estatais no endivi<strong>da</strong>mento líquido do País abriu espaço para<br />

o aumento do endivi<strong>da</strong>mento <strong>da</strong>s diversas esferas <strong>de</strong> governo. Sem a privatização 2 , a DLSP<br />

teria atingido 66,5% do PIB, o que seria insustentável <strong>da</strong><strong>da</strong>s as condições dos mercados<br />

financeiros. Assim, os ajustes necessários foram apenas adiados, consumindo os recursos<br />

gerados com a privatização.<br />

CRESCIMENTO<br />

O auge <strong>da</strong> privatização no Brasil foi marcado por um período <strong>de</strong> graves crises<br />

financeiras globais, em um período <strong>de</strong> vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong>sequilíbrio <strong>da</strong> economia<br />

brasileira, principalmente externo, mas também fiscal. O arrocho fiscal subseqüente às<br />

crises e ataques especulativos contribuíram para agravar mais ain<strong>da</strong> a situação <strong>de</strong> baixo<br />

crescimento econômico.<br />

403<br />

Provavelmente, o evento mais importante diretamente associado ao processo <strong>de</strong><br />

privatização, com sérios efeitos sobre o crescimento do País, foi o racionamento <strong>de</strong> energia<br />

elétrica, justamente quando a economia parecia se recuperar <strong>de</strong> uma seqüência <strong>de</strong> crises.<br />

Diversos problemas associados à reforma do setor elétrico, em gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m<br />

institucional, resultaram em um <strong>de</strong>scompasso entre novos investimentos (especialmente<br />

em geração e transmissão <strong>de</strong> energia) e o aumento do consumo, <strong>da</strong>ndo origem a uma<br />

crise <strong>de</strong> abastecimento. A solução foi implantar um esquema <strong>de</strong> racionamento, com metas<br />

<strong>de</strong> redução <strong>de</strong> consumo que vigoraram por nove meses na maioria do País.<br />

Entre as análises dos impactos do racionamento <strong>de</strong> energia elétrica sobre o<br />

crescimento econômico, ressalta-se o trabalho realizado pela Fun<strong>da</strong>ção Getúlio Vargas<br />

(FGV/EASP, 2001)3. No estudo são feitas simulações supondo um racionamento global <strong>de</strong><br />

20%, durante seis meses, sobre o fornecimento <strong>de</strong> energia nas regiões Su<strong>de</strong>ste, Centro-<br />

Oeste e Nor<strong>de</strong>ste do Brasil, chegando às seguintes estimativas:<br />

uma diminuição <strong>da</strong> taxa <strong>de</strong> crescimento do PIB <strong>de</strong> 1,5 pontos percentuais em<br />

relação às expectativas anteriores <strong>de</strong> crescimento;<br />

em termos monetários, esse impacto equivale a R$15 bilhões em bens e serviços<br />

que <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ser produzidos no País em 2001;<br />

esta redução na produção teria implicado o encerramento, ou a não-abertura, <strong>de</strong><br />

cerca <strong>de</strong> 850 mil postos <strong>de</strong> trabalho;<br />

uma redução <strong>de</strong> 1,5% na produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> economia brasileira;<br />

Regulação <strong>de</strong> serviços públicos e controle externo

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!