09.03.2014 Views

REGULAÇÃO - Tribunal de Contas da União

REGULAÇÃO - Tribunal de Contas da União

REGULAÇÃO - Tribunal de Contas da União

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>da</strong> União<br />

No entanto, a TPPR vai além <strong>da</strong> teoria normativa, porque consi<strong>de</strong>ra em sua análise,<br />

quais fatores que influenciam a toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões, o papel <strong>de</strong> instituições políticas no<br />

processo regulatório. Assim, impen<strong>de</strong> estu<strong>da</strong>r qual o papel <strong>de</strong>ssas instituições no processo<br />

<strong>de</strong> toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões e na realização <strong>da</strong> regulação, apontando problemas e distorções<br />

observáveis. Por isso, para a TPPR a prática regulatória afasta-se do ponto Pareto Ótimo 2 ,<br />

<strong>da</strong>do o papel e influência <strong>da</strong>s questões políticas. Laffont (1994), fazendo uma crítica <strong>da</strong><br />

teoria normativa, consi<strong>de</strong>ra que<br />

A justifica<strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> rigor imposta pela teoria econômica tem levado à<br />

negligência <strong>da</strong>s restrições políticas sobre a economia [...]. As restrições coloca<strong>da</strong>s<br />

sobre a alocação <strong>de</strong> recursos pelo sistema político, e em particular pelo<br />

funcionamento <strong>da</strong>s nossas <strong>de</strong>mocracias, são enormes (LAFFONT, 1994: 509).<br />

Importa ressaltar também que a TPPR concentra-se no fato <strong>de</strong> que falhas <strong>de</strong> mercado<br />

e quaisquer políticas adota<strong>da</strong>s para corrigí-las necessariamente têm conseqüências<br />

distributivas. Os diversos agentes econômicos que são afetados por estas conseqüências<br />

são presumi<strong>da</strong>mente racionais e maximizadores <strong>de</strong> seu interesse próprio. Deste modo,<br />

a teoria prevê que eles agirão para impedir, redirecionar ou proteger a política sendo<br />

proposta <strong>de</strong> acordo com a forma que ela os afeta. Na gran<strong>de</strong> maioria <strong>da</strong>s vezes não<br />

há uma forma <strong>de</strong> corrigir a falha <strong>de</strong> mercado que seja ótima em termos <strong>de</strong> bem-estar<br />

social. Também é raro que existam formas <strong>de</strong> conciliar os interesses conflitantes através <strong>de</strong><br />

compensações laterais ou outros esquemas simples <strong>de</strong> resolução <strong>de</strong> conflitos. Na prática a<br />

solução é <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> por intermédio <strong>da</strong>s instituições políticas, que estabelecem a forma<br />

que a solução <strong>da</strong> falha <strong>de</strong> mercado vai tomar.<br />

426<br />

A perspectiva ora coloca<strong>da</strong> enfraquece a teoria do interesse público, segundo a<br />

qual regulação e outras políticas públicas são estabeleci<strong>da</strong>s pelo Estado com o objetivo<br />

<strong>de</strong> gerar um resultado <strong>de</strong> bem-estar social e corrigir falhas <strong>de</strong> mercado, incorporando<br />

eficiência econômica. Mueller (1998), sob essa perspectiva, concebe o Estado como<br />

um ditador benevolente, onipotente e onisciente, cuja atribuição seja maximizar o bemestar<br />

social, para <strong>de</strong>monstrar, no entanto, que as políticas públicas não são resultado<br />

direto <strong>da</strong> atuação <strong>de</strong>sse Estado, que visa a um só interesse público, mas sim que políticas,<br />

regulatórias, no caso <strong>de</strong>ste estudo, são edita<strong>da</strong>s em função dos interesses <strong>de</strong> grupos<br />

envolvidos, e <strong>da</strong> interação entre tais grupos, atingidos pela prática regulatória.<br />

Para a TPPR, a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> é mapea<strong>da</strong> em diversos grupos <strong>de</strong> interesse, vistos em<br />

relações que envolvem múltiplos principais, afetados pela escolha <strong>de</strong> políticas regulatórias.<br />

Admitindo-se que tais grupos são racionais, está claro que maximizam seus próprios<br />

interesses, <strong>de</strong> modo que agirão com vistas a influenciar a escolha do Estado entre um leque<br />

<strong>de</strong> opções que se abre, em termos <strong>de</strong> possíveis políticas públicas. Assim, po<strong>de</strong> acontecer<br />

que grupos tentem impedir ou proteger uma política adota<strong>da</strong>, conforme seus interesses.<br />

Como exemplo <strong>de</strong>ste fenômeno, po<strong>de</strong>-se citar a falta <strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> investimento<br />

em expansão e mo<strong>de</strong>rnização na infra-estrutura <strong>de</strong> telecomunicações que o sistema<br />

Telebrás experimentava antes <strong>da</strong> privatização, como conseqüência <strong>da</strong> <strong>de</strong>ficitária estrutura<br />

tarifária vigente à época, que eram <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s pelo Governo Fe<strong>de</strong>ral como autori<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

econômica ao procurar maximizar seus próprios interesses centrados na contenção do<br />

processo inflacionário, e não na prestação dos serviços em si, ou em sua compatibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

com os custos.<br />

Mais ain<strong>da</strong>, a confluência <strong>de</strong> interesses, com vistas a influenciar a adoção <strong>de</strong><br />

políticas, mostra-se especialmente viva, nota<strong>da</strong>mente observável, em um momento em

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!