Politica Indigena - Faculdade de Direito da UNL

COOPERATIVISMO 459
deixa prevêr que as mutualidades tunisinas devem ter sido reembolsadas dos
adiantamentos feitos, e devem estar já hoje de posse d'um activo global
excedente a dois milh6es de francos.
O decreto de 20 de maio de 1907 previu a necessitfade de utilisar o
capital das associaçóes de previdencia na lucta contra a usura que corroe a
população fellah, e para esse fim estttbeleceii a faculdade de se negociarem
emprestimos entre as unidades associativas, e conferia aos devedores indi-
viduaes a faculdade de se solidarisarem perante a sociedade ou sociedades
crétloras.
Mas, não 6 s6 no ambito do credito agricola que o mutualismo indi-
gena triumpha na Tunisia. Devidas á iniciativa intelligente d'alguns tuni-
sinos cultos e educados, fundaram-se alli ha poucos mezes duas cooperati-
vas de producç50 industrial : uma, a Es-Saadia, destina-se a restaurar o
fabrico indigena das chinellas levantinas, a outra, Manufacture des Tupis
de ííuirouan, propõe-se erguer a industria afamada dos tapetes orientaea
at6 um nivel de elevada perfeiçáo manufactureira. -4 organisaçáo mutua-
lista na Argelia e na Tunisia, constituindo um instrument.0 inegualavel de
progresso economico e social, representa por isso, a mais solida garantia
de estabilidade politica que se poderia desejar, e facilita em larga escalla
a politica indigena de associação economica que tão preconisada vem sendo.
O principio da cooperação que, como se vê, tem dado resultados bri-
Il.;i:ites nas colonias norte-africanas, é natural que venha a desempenhar
um papel muito importante na educação economica dos indigenas coloniaes,
e está principalmente indicado para surtir effeito mais eficaz entre os in-
digerias das colonias asiuticas do Extremo Oriente, cuja educação essen-
cialmente collectivista lhes faz propender o espirito para a prática asso-
ciativa. Assim o comprehendeu Mr. Charles Prêtre, administrador dos
serviços civis da Indo-China, creando em 1902 a cooperativa Dong-Luá de
Phii-Liang, que foi a primeira d'uma serie que tende hoje a desenvolver-se
com rapidez. Estas sociedades teem por fim principal o commercio dos pro-
duetos da região, de fórma a subtrahir, tanto os productores como os con-
sumidores indigenas, á ganancia dos intermediarios. A medida que a edu-
cacáo economica e m'utualista dos annamitas se for tornando Lima realidade,