Politica Indigena - Faculdade de Direito da UNL

98 POLITICA INDIGENA
Se a obra missionaria se limitasse ao proselytismo christiio, á evan-
gelisação dos indigenas, sem procurar obter a energia psychica e a mora-
lidade dos caracteres, e sem Ihes incutir o habito do trabalho, a habilidade
profissional e a ideia patriotica, se não mal, pelo menos, pouco bem iria 6s
naç6es coloniaes que, ainda n'esta hypothese, as protegessem como entidade
official de propaganda civilisadora.
Na verdade, a civilisação do indigena, em toda a complexidade da
evoliição que a deve produzir, não depende apenas da christianisação, aliás
qempre util.
A regressão psychologica que corresponde á obliteração das taras
nocivas, e a fixação hereditaria da melhoria progressiva, para se effectiva-
rem com1)leta e clefinitivamente, nunca poder50 prescindir da idoneidade do
meio physico, social e economico.
Entre as bemfeitorias da civilisaçZo, o traballio physico e moral, o
traballio consolador, o trabalho redcmptor, será aquella que, pela acção de
tonicidade geral organica e psychica, mais rapida e efficazmente concor-
rerá para insuflar na alma apathica e amollentada das populaçóes indige-
nas, as necessidades que acorrentam a riqueza, a sociabilidade que aper-
feiçoa a rap, a energia que salva o caracter, e a actividade que engrandece
e justifica o direito á existencia.
As missóes religiosas, que constituem um dos mais importantes ramos
da administraqáo das colonias de populaçóes fetichistas, nunca deverão
deixar de satisfazer a esse ideal educativo.
Ninguem, melhor que Antonio Ennes, o disse « . . . &4 empreza mise-
ricordiosa de salvar almas para Deus, tem de se conciliar com a de educar
corpos para o trabalho)).