Politica Indigena - Faculdade de Direito da UNL

86 POLITICA INDIGEXA
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Não tem sido esta, infelizmente, a pratica adoptada nas nossas colonias,
cheias de missionarios estrangeiros, ainda mesmo nas proprias missões
nacionaes. E a bem dizer, a menos de interromper temporariamente toda
a Propaganda missionaria, teremos de continuar recorrendo ao estrangeiro,
emc~uanto se não reorganisar sériamente, em liarmonia com as necessidades
existentes, o Collegio das Missúes Ultramariiia~, que actiialmente está muito
longe de satisfazer ao fim a que se propúe. Se 6 preciso crear missóes,
muitas mais missóes tão iridispeiisaveis á civilisaçáo dos indigenas; se 6
absolutamente necessario conce(1t.r-lhes dotayves que Ilies perrnittam vida
desafogada, torna-se tamliem egiialmente imprescindivel que o elemento
missionario se eleve em qualidade, organisando-se racionalmerite o ensino
em Sernache (10 Honi Jardim e creando-se ar1,jancta a cada prelazia colonial
uma escola-deposito de padres, onde estes entrem B cliegada á colonia
a fim de aprender a lingua indigena, e os niethodos pacientes e tolerantes
de evangelisação, táo nteis na christianisação dos negros. Egualmente lhes
devia alli ser ensiiiada a ethnologia da popiilação da localidade para onde
fossem niissionar. Esta preparação local seria sempre exigida, fosse qual
fosse a proveniencia do sscerdote, a sua virtude religiosa, e os conhecimentos
scientificos uii profissionaes que demonstrasse ter.
O que actualmente existe, nas nossas coloniíts, preciso é dizê-lo no
interesse de to(lo~, salvo Iionrosas excepçóes, B pouco e muito deficiente
como meio educatiro e civilisador. Alguma coisa se tem feito, B certo,
n'estes ultimos annos, e a missão de Boroma em Tete, (Missóes do Espirito
Santo), qiie tivemos varios ensejos de visitar, e cujo ensino profissional indigena
tem dado bons resultados, 6 um exemplo bem flagrante do que
pode a vontade humana quando guiada por um ideal nobre, mesmo quando
lhe escasseiem todas as facilidades. Todavia é immenso o qiie ha ainda
a fazer nas nossas colonias, sob o ponto de vista da propaganda missioaaria.
Temos de educar com o maximo cuidado os nossos missionarios, multiplicar
as missóes, dota-las com todos os instrumentos e meios de poderem
ministrar convenientemente o ensino primsrio, o ensino da lingua portugueza
e o ensino profissional, táo util para inculcar os habitos de trabalho,
tão difficeis de radicar na despreoccupada indolencia dos negros. B par