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Barão

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luxúria, a cobiça, a tristeza e o romantismo os grandes males da formação brasileira do descobrimento<br />

até o século XIX.<br />

Segundo Vainfas,<br />

Até o limiar dos anos de 1930 o que se poderia chamar de historiografia<br />

brasileira tratava, pois, a miscigenação, não como problema de investigação, mas<br />

como problema moral ou patológico que cabia resolver para o bem da Nação. 121<br />

Talvez haja uma exceção, no que diz respeito à valorização da miscigenação nesse período e<br />

ela se encontra em Manuel Bonfim, que valoriza a mestiçagem concebida pelo autor como<br />

―cruzamento‖ positivo. O problema é que o autor utiliza um raciocínio genuinamente naturalista para tal<br />

formulação, comparando cruzamentos de insetos, de plantas e seres humanos, em detrimento das<br />

questões étnicas e culturais.<br />

Podemos dizer, de maneira geral, que a produção historiográfica brasileira da segunda metade<br />

do século XIX e a das primeiras décadas do século XX, entendia a escravidão como algo natural do<br />

processo de produção, quase como uma solução para a ineficácia do modelo de escravização do<br />

indígena, evidentemente com algumas exceções. De acordo com esse pensamento é como se<br />

quisessem justificar e enaltecer o papel do branco, atribuindo a ele a ―missão‖ de levar o povo brasileiro<br />

à civilização e com isso de se alcançar o progresso.<br />

Dentre vários autores que comungam deste ponto de vista podemos ainda citar, Oliveira<br />

Vianna, Nina Rodrigues, Silvio Romero, Mello Moraes, Euclides da Cunha, entre outros já citados<br />

acima, tidos como ―racistas por ofício‖.<br />

1.2 – A produção historiográfica das décadas de 1930 e 1940<br />

Durante a década de 1930 e 1940 há uma mudança sensível nas abordagens da questão da<br />

miscigenação racial e cultural, resultante de importantes transformações culturais, como o advento da<br />

Semana de Arte Moderna de 1922, políticas, com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, e<br />

econômicas, com o início do processo de industrialização do país, pautado pela substituição das<br />

importações. Passando a exigir novas interpretações, pois a realidade atual não poderia mais ser<br />

explicada pelos antigos paradigmas.<br />

Este período foi contemplado pela realização das três grandes sínteses da historiografia<br />

brasileira, obras que são referências até hoje para se entender o pensamento social brasileiro. Casa-<br />

121 VAINFAS, Ronaldo. Colonização, miscigenação e questão racial: notas sobre equívocos e tabus da historiografia<br />

brasileira. Tempo. 8: 7-22, 1999. p. 11-12.<br />

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