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Barão

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às antigas áreas cafeeiras, onde muitas cidades ficaram com aspecto de cidades mortas – devido à<br />

decadência dessa cultura agrícola em suas regiões.<br />

No cenário destas mudanças, o ―novo oeste‖ do Estado de São Paulo, mais especificamente<br />

Ribeirão Preto, vivenciava inovações e técnicas fomentadas pelo saber científico, tais novidades<br />

repercutiram na rapidez dos transportes, nas comunicações e mudanças nas relações interpessoais. Sobre<br />

esta modernidade caipira podemos afirmar:<br />

A partir de meados do século XIX. Por conta das plantações de café, o Brasil<br />

Caipira se transformaria num espaço capaz de coadunar tais características com um<br />

profundo gosto pelo moderno e por toda a materialidade e simbolismo que o envolviam e<br />

que era experenciado na Europa como marca de um novo tempo, ou melhor, do melhor<br />

dos tempos: Belle Époque. O termo revela que tais emblemas modernos possuíam<br />

relação estreita com um lugar em especial: a França. Viver um grande amor em Paris,<br />

desfrutar de seus cafés e cabarets, passear pelas suas ruas, olhando vitrines das<br />

boutiques e admirando a luz elétrica, entre outras novidades técnicas e materiais, eram<br />

sonhos que povoavam muitos homens no interior paulista durante o término do século<br />

XIX e início do século XX. 426<br />

A companhia Mogiana ligava Casa Branca a Ribeirão Preto através da instalação das estradas de<br />

ferro, as quais impulsionaram o crescimento econômico, pois atendiam os interesses pessoais dos ricos<br />

fazendeiros – no tocante transporte e escoamento da produção cafeeira –, e culminavam no Porto de<br />

Santos. Este desenvolvimento gerou um mercado consumidor que provocou diversas transformações<br />

urbanas e ocasionou a vinda de homens, mercadorias e novidades para a região dos grandes<br />

cafeicultores, o que era um ―convite à aventura – política, social e boêmia.‖ 427<br />

O progresso atingia todos os setores da vida pública e se manifestava das formas mais diferentes<br />

possíveis. Nas revistas e jornais eram publicadas imagens deste ―progresso‖ e desta ―civilização‖, contudo,<br />

elas não sugeriam somente os ideais das famílias ricas, mas também, ligavam aquelas imagens às<br />

‗potencialidades‘ agrícolas dos municípios e à influência de suas principais lideranças.<br />

Em função do acúmulo gerado pela produção cafeeira, essas ―elites‖ eram formadas por um grupo<br />

de homens poderosos e influentes no poder público, cujas relações entre si envolviam laços de riqueza e<br />

cordialidade. Eles também mantinham laços de afinidade pessoal e de grandes negócios com importantes<br />

capitalistas estrangeiros. Cientes de que representavam a ruptura com a paisagem dos tempos imperiais,<br />

os homens pertencentes à elite, estavam determinados a construírem para si um universo de imagens<br />

426 PERINELLI NETO, Humberto; DOIN, José Evaldo de Mello; PACANO, Fábio Augusto. Incursões pela Belle Époque<br />

Caipira: proposta de uma prática de História da Cidade e do Urbanismo. In; DIALOGUS, Ribeirão Preto, 2006, v.1, n.2,<br />

p.213-237.<br />

427 PAZIANI, Rodrigo Ribeiro. Construindo a Petit Paris... Op. cit., p.47-48.<br />

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