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Barão

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E, diante de várias análises e interpretações o autor chega a uma conclusão, que, ―[...] as lutas<br />

em torno de diferentes visões ou definições de liberdade, e de cativeiro, eram uma das formas<br />

possíveis de acesso ao processo histórico da extinção da escravidão na Corte‖. 142 Que os escravos<br />

procuraram combater no campo das possibilidades largamente mapeado pelos adversários, mas nem<br />

por isso deixam de ser lutas ou reivindicações importantes. Foram agentes históricos que mesmo<br />

diante de inúmeras adversidades conseguiram politizar uma rotina e, dessa forma, transformá-la.<br />

Sílvia Hunold Lara em Campos da violência procurou explicar em minúcia, a partir de<br />

processos crimes e de outros documentos oficiais da Metrópole o cotidiano das relações de poder<br />

envolvendo a sociedade da época (1750-1808), na região de Campos dos Goitacazes, principalmente<br />

através dos comportamentos tidos como transgressores dos escravos. A autora também faz a opção<br />

de dialogar com a historiografia que a antecedeu.<br />

Silvia Lara possui a preocupação de repensar a relação entre escravidão e violência,<br />

considerando-a como ―[...] o pano de fundo comum a todo o conjunto da bibliografia‖. 143 Contudo, seu<br />

enfoque incide no plano cotidiano.<br />

Portanto, diante desta explanação podemos chegar a conclusão que apesar de imagens tão<br />

variadas acerca da instituição escravidão, o pano de fundo destas políticas e ideologias se inserem na<br />

relação entre violência e escravidão, com cada uma das vertentes procurando justificar de sua maneira<br />

o ponto de vista em questão; crueldade ou benevolência, submissão ou rebeldia.<br />

O objetivo de Campos da violência seria retomar este debate, questionar e problematizar os<br />

termos em que ele esta posto na e pela historiografia e,<br />

e ideológica.<br />

[...] Mais que definir seu grau de incidência, descrever seus procedimentos,<br />

estudar suas ocorrências particulares ou discutir a qualificação do cativeiro como<br />

‗suave‘ ou ‗cruel‘, procuramos penetrar nos mecanismos que lhe deram origem,<br />

questionar suas limitações e justificativas e, especialmente, recuperar o modo como<br />

senhores e escravos viviam e percebiam sua prática. Ultrapassando a simples<br />

descrição dos castigos e a denúncia veemente da violência em termos gerais para<br />

perguntarmos pela sua especificidade, mergulhamos nas vivências senhoriais e<br />

escravas da escravidão, na dinâmica de seus confrontos cotidianos, nas relações de<br />

luta e resistência, acomodamentos e solidariedades vividos e experimentados por<br />

aqueles homens e mulheres coloniais. 144<br />

Fica nítido que para a autora as práticas cotidianas se integram na realidade social, econômica<br />

142 Idem., p. 26.<br />

143 LARA, Sílvia Hunold. Campos da violência: escravos e senhores na Capitania do Rio de Janeiro, 1750-1808. Rio de<br />

Janeiro: Paz e Terra, 1988. p. 19<br />

144 Idem., p. 21<br />

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