20.04.2013 Views

Barão

Barão

Barão

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A morte de Martin Luther King gerou revolta da comunidade negra dos Estados Unidos. Além<br />

disso, a opinião pública passou a rejeitar a guerra do Vietnã, pois ficou com a impressão desagradável<br />

com as imagens televisivas que mostrará a ofensiva do Tet 4 , momento em que os Vietcongs atacaram<br />

tropas americanas.<br />

Luther King, Vietnã e Guerra-fria, soavam como um som de trombeta nos ouvidos dos jovens<br />

que realizaram as manifestações do movimento hippie. Era visível que a geração da segunda metade<br />

do século XX estava inconformada, seja por intermédio das batidas frenéticas do Rock dos Beat1es,<br />

The Doors, da dança descontraída de Elvis Presley, entre outros artistas que faziam uma agitação do<br />

universo efêmero onde o proibido era proibir: ―rock, sexo e drogas‖, tidos na época como sinônimos de<br />

subversão.<br />

As transformações sociais, culturais são filhos e espelhos de sua época, neste período como<br />

mostra Hobsbawm o jazz se fazia presente como um fino instrumento de contestação e manifestação<br />

das diversas culturas. Por intermédio do instrumental do negro americano e pobre financeiramente, foi<br />

possibilitado teatralizar a arte e o gosto amargo da desigualdade, do sionismo manifestado no tempo<br />

das indiferenças:<br />

[...] O jazz é contra a desigualdade e a falta de liberdade, contra a infelicidade.<br />

Ele é – de uma forma vaga e anárquica que foi mal compreendida pelos intelectuais<br />

anarquistas que o levaram a peito – contra a polícia e os juízes, contra as prisões,<br />

os exércitos e a guerra. (Não há nenhum blues tradicional louvando as batalhas,<br />

ainda que pacíficas, só spirituals.) O ódio a essas coisas não implicam militância.<br />

Muitos músicos de jazz americanos expressaram seu ódio e ressentimento com<br />

relação à sociedade injusta, ainda que de maneira privada. 5<br />

Hobsbawm deixa claro que o jazz é contra a segregação. Fruto de raízes contestadoras, o jazz<br />

juntamente com o rock dos anos 60/70 foram os expoentes em manifestar as mais diversas expressões<br />

culturais do século XX. A geração jovem destes anos rebeldes se desbravava em alternativas com a<br />

inovação das pílulas de anticoncepcionais, revolução nas ciências e tecnologia.<br />

O ano de 1968 também foi o ápice dos movimentos estudantis na América Latina, mas os<br />

protestos na região foram motivados pela luta contra o subdesenvolvimento econômico e dos regimes<br />

ditatoriais, além da atmosfera de contestação social que estavam presentes na mentalidade jovem do<br />

período.<br />

4 Mark Almond salienta que: “[...] De fato, a ofensiva do Tet resultou em perdas devastadoras paro o Vietcong e<br />

para os regulares norte-vietnamitas. Mas o fato de a ofensiva ter sido desfechada poucas semana após os generais<br />

americanos assegurarem aos repórteres que tal ataque era impossível significava que a opinião pública americana<br />

via somente um revés maior para a política dos Estados Unidos. Afinal, a própria embaixada americana em Saigon<br />

estivera sob ataque direto. O presidente Johnson extraiu conclusões pessoais da Ofensiva do Tet e anunciou que<br />

não concorreria a um novo mandato. Ver: MARK, A. O livro de ouro das Revoluções: movimentos políticos que<br />

mudaram o mundo. Trad. Gilson Batista, Rio de Janeiro: Ediouro, 2003, p.289.<br />

5 HOBSBAWN, E. J. A História social do Jazz. Trad. Angela Noronha, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990, p.283.<br />

Jorge Luiz de França 91

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!