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Barão

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No Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto foram consultados os processos referentes ao<br />

Primeiro Ofício Cível (Processos do Fórum – Grupo de Processos Antigos) entre 1850 e 1888, onde os<br />

escravos figuravam como réus e/ou vítimas.<br />

Foram analisados alguns casos (estudo de caso), envolvendo escravos e senhores em<br />

assuntos referentes a ações de liberdade, corpo de delito, manutenção de posse, autos de depósito,<br />

liberdade de ingênuos e queixa, a fim de tentar descortinar o cotidiano dos senhores e escravos em<br />

Ribeirão Preto na segunda metade do século XIX.<br />

O fato de analisarmos processos com as mais variadas ações e com diferentes períodos foi<br />

com o intuito de procurar responder aos principais anseios da pesquisa acerca das formas de ação e<br />

resistências dos cativos. Acreditamos que apenas um leque variado de ações ocorridas em vários<br />

momentos é que nos permitiria compreender a atuação de senhores e cativos numa sociedade em vias<br />

de extinguir a instituição da escravidão.<br />

Atente-se para a grande quantidade de processos levantados sobre os senhores e os escravos<br />

e que não foram analisados, podendo, desta forma, serem retomados para um estudo mais<br />

aprofundado da localidade.<br />

A instituição da escravidão sempre foi marcada pela violência. Esta se iniciava no momento da<br />

captura e retirada dos negros do continente africano, no transporte até à América, e depois na venda e<br />

separação de seus familiares. Vivendo em um mundo diferente, dominado pelo homem branco,<br />

tratados como inferiores e forçados à obediência e a submissão. A violência não abandonou nem<br />

mesmo seus descendentes, nascidos no Brasil, e com um conhecimento da língua e dos costumes,<br />

pois estes continuavam alijados de qualquer tipo de direito, eternizando a relação de dominação.<br />

Entretanto, muitos reagiram a essa situação. A análise dos processos que faremos a seguir é uma<br />

tentativa de contribuir para uma imagem do negro diferente daquela que o ressaltava como um ser<br />

incapaz de agir e refletir segundo sua vontade, meros reflexos de seus senhores.<br />

Vários fatores revelam a luta e a resistência dos escravos contra o cativeiro, tais como os<br />

suicídios e as fugas, demonstrando de maneira imediata a luta pela aquisição da liberdade. Existiram<br />

outras formas de resistência que contribuíram para a obtenção da liberdade como as tentativas de<br />

assassinatos, as lesões corporais e as destruições da propriedade. Além daqueles atos menos<br />

perceptíveis como o ―corpo mole‖, as sabotagens e o aborto.<br />

De acordo com Reis e Silva, ―[...] Qualquer indício que revele a capacidade dos escravos, de<br />

conquistar espaços ou de ampliá-los, segundo seus interesses, deve ser valorizado. [...]‖. 260<br />

O aumento da criminalidade escrava no século XIX é um fato, talvez o que não se tenha ainda<br />

um consenso do motivo que teria levados os cativos a tal comportamento.<br />

260 REIS, João José e SILVA, Eduardo. Op. cit. p. 15<br />

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