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Barão

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os historiadores Antonio Rodrigues e Francisco Falcon organizam em ―Tempos Modernos‖ uma<br />

narrativa sobre a visão interpretada e vinculada a respeito do moderno. Deste modo, os autores<br />

mostram:<br />

A noção de moderno está muito longe de constituir um verdadeiro conceito.<br />

Praticamente, dado o sentido dessa palavra em seu nível denotativo, cada época<br />

tende a assumir-se corno moderna em relação à(s) época(s) anterior(es). Desse<br />

modo, não há urna época que possa ser identificada como moderna por definição,<br />

ou seja, que exclua as demais do direito à modernidade. Por mais que se tenha<br />

escrito sobre o caráter moderno da Idade Moderna, não podemos esquecer que<br />

também os nominalistas medievais propuseram uma via moderna em oposição à<br />

tradicional via antiqua, nem tampouco que os humanistas se consideravam<br />

modernos, tal como, no século XVIII, se sentiam também os modernos em duelo<br />

com os antigos. 12<br />

A modernidade se torna inevitável, graças à constituição de uma memória histórica que tem<br />

como referências os processos sociais, o desenvolvimento das ciências e das técnicas, contribuindo<br />

para a evolução acelerada dos movimentos artísticos, urbanísticos e das forças produtivas.<br />

Profundas transformações culturais, econômicas e políticas ocorreram entre o final do século XIX<br />

início do século XX. Neste último surgi novos hábitos e costumes, se firmava a modernidade e com ela<br />

surgia a imagem de um admirável padrão consumo, o qual: ―Possibilitou ao homem avanço técnico –<br />

científico urbanístico e mental‖ 13 . Todavia, este século é marcado por conflitos de guerras, criando um<br />

cenário sombrio, nebuloso e melancólico desse tempo histórico.<br />

A constituição política do estado moderno originou movimentos 14 dos quais teve como princípio a<br />

gêneses da razão. Modernidade uma experiência em si, na qual abre novas fronteiras intelectuais e de<br />

ordenamento das paisagens naturais. Devido à secularização a modernidade promove um pensamento<br />

individualista, que substitui para a sociedade Deus como princípio de julgamento moral. A idéia de que<br />

a sociedade é fonte de valores naturais das qual o bem é o que for útil à sociedade e o mal é o que<br />

impede a sua integração e a sua eficácia. Este é um elemento essencial da modernidade nas quais<br />

deixa de se submeter à Lei Divina e, entrega-se a interesses pessoais 15 e coletivos.<br />

Maria L. Ioriatti 13ª reimpressão, São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p.15.<br />

12<br />

FALCON, F. J. C. Tempos modernos: a cultura humanista. In: RODRIGUES, A. E. M.; FALCON, F. J. C. (Org.).<br />

Tempos Modernos: ensaios de história Cultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000, p.23.<br />

13<br />

FRANÇA, J. L; APARÍCIO, L. R. Novos Hábitos: espaços sociais e moda feminina na Bélle Époque. In: DIALOGUS.<br />

Ribeirão Preto, v.1, n.3, 2007, p.330.<br />

14<br />

―Na poesia de Baudelaire, a velocidade exprime uma experiência frenética; o cidadão urbano, homem ou mulher, vive<br />

apressado, quase histérico. Realmente, no século XIX, a rapidez assumiu uma característica diferente em virtude das<br />

inovações técnicas introduzidas nos transportes, a fim de dar maior conforto ao viajante‖. Ver: SENNETT, R. Individualismo<br />

Urbano. In: ______. Carne e pedra: o corpo e a cidade na civilização ocidental. 3 ed. trad. Marcos Aarão Reis, Rio de<br />

Janeiro: Record, 2003, p.273.<br />

15<br />

Esse homem Moderno órfão da natureza e de Deus, impossibilitado de conhecer algo externo, pode ser<br />

interpretado com justa razão, como um processo de interiorização da barbárie, pois o que é a barbárie senão a<br />

dissociação do ser? O bárbaro não está mais do outro lado do muro contido pelas fronteiras da razão ou da<br />

Jorge Luiz de França 125

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